sábado, 26 de setembro de 2009

Head, Shoulders, Knees and Toes # 11 - MULTIPLEX


Coube Tudo no Ipod?


Contei logo num dos primeiros posts desse blog sobre a Galeria de discos que eu frequentava e onde comecei a conhecer um pouco mais sobre música.

Na Galeria onde ficava a Bizarre e que ainda abriga a Velvet, havia um grupo de pessoas que frequentava assiduamente a procura de novidades.

Foi assim que conheci Leandro Cunha.

Fã de Manic Street Preachers, cara de poucos amigos e sempre acompanhado do seu melhor amigo Cláudio (hoje dono do Astronete).

Enquanto eu me deslumbrava com o surgimento do Oasis, do Elastica e com o lançamento do "Parklife" do Blur, ele falava sobre David Bowie, do "Holy Bible" dos Manics e de várias outras coisas que eu só fui gostar bem mais tarde.

Muitos discos ouvidos e comprados depois, ele decide montar uma banda. Teve algumas na verdade, até chegar ao Multiplex.



Multiplex 2009: Leandro Cunha e Bruno Palazzo

Foto: Max Superstar



Sua voz peculiar não é de fácil digestão e muitos odeiam a banda de cara por isso.

Pra variar, vou contar uma historinha antes de dar minha opinião sobre eles.

Li uma entrevista do Jarvis Cocker do Pulp uma vez onde ele dizia algo mais ou menos assim: "Descubra sua característica pessoal mais estranha e faça dela seu ponto forte."

Pra quem não lembra da cara do Jarvis, ele é uma figura bem alta, desengonçado, magro ao extremo e aparentemente gay. Olha ele aí embaixo:


Ícone dos 90's



O que ele fez? Só vestia roupas que o deixavam ainda mais magro e encarnou um personagem com gestos e trejeitos que confudiam a todos sobre sua sexualidade (ele não é gay, é casado com a editora da Vogue francesa ou algo parecido).

Pronto, criou-se uma personalidade única. Tá, David Bowie já tinha feito isso, os caras do Glam Rock também e a lista é continua e é longa.

Nas suas devidas proporções, vejo isso no Leandro. Ele assume seu look pouco comum com orgulho, não tem medo de escrever letras praticamente auto-biográficas e mostrar pra todos na música do Multiplex e mais, ele canta do jeito que ELE quer. Admiro muito ele por isso.

Quantas pessoas você conhece que tem a coragem de fazer as coisas do jeito que quer? No meu caso, bem poucas. Será que sou cercado de losers? Hahah.



Gravação Radiola

Foto: Max Superstar


Também estranhei o som da banda quando ouvi a primeira vez.
Mas as músicas são tão bem construídas, várias referências de toda a vasta bagagem musical dele (devo dizer que Leandro foi um dos amigos que mais me apresentou bandas antes desconhecidas pra mim) e o melhor de tudo, são canções POP de verdade.

Ouça "Particularidades" e "Compulsão" - eu insisto que sou EU o personagem principal dessa música.

Se a letra não grudar na sua cabeça depois da primeira audição, visite um otorrino imediatamente.

Estão na estrada há alguns anos e a formação atual é de um duo (Bruno Palazzo completa o line-up) e acabaram de lançar sua primeira faixa em inglês - "Born Again".

Quando juntei todas as músicas da banda (no site da Trama Virtual eles compilaram 10 delas num álbum digital chamado The Singles) percebi que eles têm na mão nada mais que 10 hits de verdade.



Baixe a Discografia



Num mundo imaginário, caso tívessemos singles de verdade lançados por aqui, eu me arrisco a dizer que TODAS, absolutamente TODAS poderiam ser A-sides.

Que banda brasileira que pode dizer isso? Me conta aí, porque eu não conheço.


Acabaram de participar do "10 Horas no Estúdio" do Programa Radiola e saíram de lá com a inédita "Aqueles Que Resistem".

Vários músicos convidados participam atualmente dos shows e das gravações, como você pode conferir no vídeo abaixo:



Aqueles Que Resistem 10 Horas



Acompanhe a entrevista com Leandro Cunha e descubra mais sobre o Multiplex:



Head - Como é o processo de criação do Multiplex?

Multiplex - Muito complexo, hahahaha. A banda não se chama Multiplex à toa; Filmes, tristezas da vida, drogas, amigos e todos os discos que a gente gosta são parte intrínseca do processo. Claro que toda essa complexidade acaba resultando em algo simples, como as nossas músicas são. "Marc Bolan was a very simple person with complex influences" - Simon Napier Bell. Muitas vezes eu tenho pesadelos e escrevo alguma coisa. As vezes elas começam como jams, e aí eu ponho música e letra em cima, ou o contrário... Não existe uma regra específica, e ultimamente estamos colaborando com outros artistas nesse processo, com músicos convidados ao vivo. Também tem o lance da nossa iconografia, que é uma coisa na qual eu penso muito.


Shoulders
- Quais seus artistas favoritos e como eles influenciam na música de vocês?

Multiplex - São muitas as bandas boas e que produzem boas músicas, mas acredito que as que mais influenciam são aquelas que transmitem todo um lance, uma atmosfera, elas praticamente te dão um mundo no qual viver. Tem a ver com escapismo, querer sair desse planeta cruel em que vivemos, imaginar um futuro com pessoas mais livres, mais felizes. Nesse sentido, posso dizer que o trabalho de gente como David Bowie, T.Rex, Secos & Molhados, Soft Cell, Iggy Pop, Damned, Suede, Velvet Underground, Roxy Music, Rick James, Ronaldo Resedá, David Sylvian, Kraftwerk e Walker Brothers me inspira muito. Também gosto de praticamente qualquer disco que tenha um negão ou uma negona na capa. Das coisas mais novas, muita coisa também. Tudo que apela pro exótico. Gosto de shock rock também, Alien Sex Fiend, Siouxsie and the Banshees, Marilyn Manson, Cramps. Tudo que incomodar o prefeito, as senhoras católicas, os crentes. Não posso esquecer de citar os Manic Street Preachers também, em discos como Holy Bible, por exemplo.


Knees - Como vocês divulgam o trabalho da banda?

Multiplex - Durante muito tempo usamos o fotolog, e isso foi bom pra gente. Depois começamos com o Orkut, mas aí eu já comecei a sentir uma preguiça profunda, todos esses roqueiros bonzinhos de Orkut me enojam. Acho que rock não é uma coisa pra gente tão boazinha e solícita. Agora priorizamos o Myspace, que é muito melhor. Quando tem show ou alguma coisa importante mandamos um mail coletivo pra nossa lista. Não é muita coisa, mas é melhor do que fazer nada. Ah, se eu fosse modelo! Ia me esquemar pra tocar no Fashion Week.


Toes - Qual a melhor e a pior parte de se ter uma banda?

Multiplex - Todas as partes são as melhores. Tocar ao vivo é bem legal. Fazer videoclipes é a coisa mais próxima do constrangedor, sabe?


Bonus Round - Hot Chip ou Elliot Smith?

Multiplex - Hot Chip, sem dúvida, não conheço bem o trabalho do Elliot Smith, mas me parece levemente miserabilista... Eu já tenho tendências, não posso facilitar. Sempre ouvi muito Scott Walker e Nico, e percebo que isso não me fez uma pessoa mais feliz.

sábado, 19 de setembro de 2009

Head, Shoulders, Knees and Toes # 10 - WE HAVE BAND (English)


The Young And Revolutionary Kevin Bacon



The first time I heard about Six Degrees of Kevin Bacon, I thought it was pure nonsense. But I was able to prove this theory myself last week.

I decided to start writing this blog to promote my friends’ bands, as I noticed the huge amount of excellent independent bands around. In the process, of course, I’d promote my own band.

The day I set the blog up, I had just listened to a Pet Shop Boys cover from a band called We Have Band.



We Also Have Band



As the purpose of the blog was to promote bands, and I, myself, have a band, well it just seemed the most appropriate name for it. Done!

After posting the interviews, I publish the link on both my band's Facebook and Twitter profile.

By chance, a friend from Germany noticed the link for the first time last week, checked the blog out, and sent me the following message:

“Wow :). I didn’t know you had a blog. BTW, a friend of mine from England is in a band with the same name. Check them out: Myspace

Holy Kevin Bacon !!!


Darren Bancroft
got in touch and (while touring Russia) accepted to answer the questions for this interview. As coincidences come in bundles, it’s the 10th band to be interviewed.



Their Make-Up Artist Worked Hard For His Money



Needless to say, I was thrilled with his contact.

We Have Band interviews We Have Band. How cool is that, huh?

Honestly, I think they are one of the most prestigious and promising bands around.

Having released the breakthrough video for their great second single “You Came Out” (“West End Girls” as a b-side) in June, the band is touring Europe right now and getting ready for the release of We Have Band – EP on September 15th in the US.



"You Came Out" - Breakthrough or Not Breakthrough?



Their song "Oh!" is unbelievably infectious. At first, the lyrics seem silly and meaningless. But as the song builds up, you notice how perfectly the lyrics fit into the odd melody. Pure genius.



"Oh!" - We Always Said We Wanted!!!



Their music sounds so simple and basic, but Thomas WP ( Vocals/Guitar/Bass/Programming ), Dede WP ( Vocals/Percussion/Sampler ), and Darren Bancroft ( Vocals/Drums/Percussion/Sampler) know very well what they're doing. And you can't help but notice they have enough music background to do so.

Take their "West End Girls" cover for instance. In my opinion it's one of Pet Shop Boys' most overrated singles and just to make it clear, I'm a huge fan of the band.

Anyway, the approach they took on their cover was both innovative and risky. They didn't change the melody but decided, instead, to add and modify the synth sounds and were able to transform an 80's cheesy song into a modern, fresh synthpop hit.



Darren, Dede and Thomas



Few bands have achieved this. I can only think of Ladytron's version for Human League's "Open Your Heart" as an example. Well done guys!

Well, read their interview, listen to their songs on Myspace and watch the amazing videos. I can only say I'm super proud of having a blog with the same name, and by the way guys, if you ever want the URL, I'd be happy to pass it on.


Ladies and gentlemen, We Have Band:


Head - How would you describe We Have Band’s creative process?

We Have Band - Messy but democratic. We never really have a full idea of a song from the start. Thomas mans the computer and he often begins things with just a beat or a bass or guitar riff and then we just all throw our ideas on, one after the other and build it up like that. We record mostly at home so we're really used to the freedom of being able to pursue every idea we have at any time. The rule is that any idea will get tried out, but if we feel something isn't working we'll scrap it quite quickly. We all tend to have a fairly instinctive feeling of what is and isn't right in a way that we cant really explain. But when a song starts to make us all move physically, or make us get up and dance, we know it's good. We also all write the lyrics and the melodies for ourselves and for each other, so that adds the final layer. That's something that we love, to not have a rigid system where each singer only writes and sings their own stuff, it's much more fluid the way we do it and it's more fun for us and hopefully to listen to. It's organised chaos basically.


Shoulders – What are your favorite artists and how do they influence your music?

We Have Band - We love a lot of different artists. In terms of influence we probably tend to look a little further back. It's nice to listen to new music just for enjoyment. And it's not so healthy to be looking over your shoulder at what your contemporaries are doing and let that affect you and what you're doing. New music is more of an influence from a social side, having the feeling that there are other people working hard and pushing themselves as hard as you are is quite comforting. It's like being at a global music college or something. We love ESG, DFA, Micheal Jackson, Radiohead, Bjork, Elbow, Doves, Kate Bush. There's too many to name really. People that carve out their own unique musical space are the most influence on us. And in that sense it's not a direct influence of wanting to sound like them, it's more like wanting to be as brave as them, or as unique as them and things like that.


Knees – How did you promote the band early on?

We Have Band - Online and playing live was all we did in the early days. And to be honest it's all we do know. We don't have a big marketing machine behind us and at the moment we don't have a label so we just play loads of shows and we chat to people like you online. It's amazing how far you can spread like this. We were in Moscow last week and we played to one of the craziest crowds ever. They were screaming and singing along and crowd surfing and just generally going nuts and you think "how the hell do they know anything about us"? But we've played there once before and we've spoken to a few Russian blogs and websites and then the DJs started playing us in the clubs and that was it, that's how! It's very inspiring. We owe a lot to bloggers, DJs and hardcore music fans seeking out new stuff.


Toes – What’s the best and the worst side of being in a band?

We Have Band - The best is probably being able to travel to so many amazing places. And to meet so many interesting people. Music fans are pretty special people, so every time we go somewhere we get straight to meet the most interesting and dynamic and adventurous people, that's a real pleasure. And you normally have a promoter who is local to the place so you avoid all the tourist traps. The worst is probably the opposite when you have to rush in and out of a place and you see nothing but the airport, the inside of a car, the venue and then the car and the airport again! We're good at making time to go around though, and we often stay in a place a bit longer if we can.


Bonus Round – Hot Chip or Elliot Smith?

We Have Band - Ah, this isn't fair because Elliot didn't get the chance to show us what he could have been. We have love for them both!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Head, Shoulders, Knees and Toes # 10 - WE HAVE BAND (Português)


O Jovem e Revolucionário Kevin Bacon



A primeira vez que eu ouvi falar sobre a Teoria dos Seis Graus de Separação (mais conhecida como Six Steps to Kevin Bacon - aprenda aqui e teste aqui), eu achei que fosse uma grande bobagem.

Bem, não é. Todos nós estamos ligados mesmo e eu tive a chance de provar que ela é verdadeira semana passada.

Explicando do início: decidi começar esse blog pra divulgar bandas de amigos, já que eu tinha percebido que havia um monte de ótimas bandas independentes por aí.
E no processo todo, claro, eu divulgaria minha própria banda também.

No dia que eu abri o blog, eu tinha acabado de ouvir um cover do Pet Shop Boys feito por uma banda chamada We Have Band.



We Have Band Também



Já que a proposta do blog era divulgar bandas e, já que eu faço parte de uma também, achei o nome ideal.

Pior de tudo que o nome está meio errado. Acho que o mais correto seria We Have A Band, mas acho que a tosquice do nome ajuda no espírito DIY. Feito!

Depois que eu posto as entrevistas eu publico o link tanto no perfil do DDR no Facebook e no Twitter.

Por acaso semana passada, uma amiga alemã (You ROCK, Sabine) percebeu esse link pela primeira vez, deu uma olhada no blog e me mandou a seguinte mensagem:

"Wow! Eu nem sabia que você tinha um blog. Falando nisso, eu tenho um amigo que toca numa banda com o mesmo nome. Dá uma olhada neles: Myspace"

Santo Kevin Bacon !!!

O Darren Bancroft entrou em contato comigo e topou responder às perguntas da entrevista abaixo. Como coincidências não acontecem por acaso, eles são a 10a banda a ser entrevista.



O Make-Up Artist Teve Trabalho


Nem precisa falar que eu fiquei feliz pra caramba com isso tudo.

We Have Band entrevista We Have Band. Foda, não?

Honestamente, eu acho eles uma das bandas mais respeitáveis e promissoras por aí.

Lançaram o criativo e inovador (bem, eu achei) vídeo pro ótimo segundo single, chamado "You Came Out" ("West End Girls" é o b-side) em Junho e atualmente estão em turnê pela Europa e se preparando pro lançamento do We Have Band EP nos EUA em 15 de Setembro.


"You Came Out" - Breakthrough or Not Breakthrough?


O primeiro single deles, "Oh!", é grudento e viciante.
Na primeira ouvida, a letra parece boba e sem sentido, mas na medida que a música vai tocando, você percebe a perfeição que a letra se encaixa na melodia "torta". Genial.



"Oh!" - We Always Said We Wanted!!!



A música deles parece tão simples e básica, mas Thomas WP (vocais, guitarra, baixo e programação eletrônica), Dede WP (vocais, percussão, sampler) e Darren Bancroft (vocais, bateria, percussão e sampler), sabem muito bem o que estão fazendo. Dá pra notar de cara que eles têm um background musical pra fazer o som que fazem (#ficaadica @LaRoux).

A cover de "West End Girls" por exemplo.
Na minha opinião, é um dos singles mais fraquinhos do Pet Shop Boys, e só pra deixar claro que eu acho eles foda.
Enfim, o We Have Band decidiu fazer o cover de uma maneira inovadora e ao mesmo tempo, bem arriscada.

Não mudaram nada na melodia, ao invés disso, acrescentaram e modificaram os timbres dos synths e conseguiram transformar uma música brega dos anos 80 numa faixa synthpop que soa atual e moderna.



Darren, Dede e Thomas


Poucas bandas conseguem isso. Agora só lembro do Ladytron com a cover de "Open Your Heart" do Human League como exemplo de cover bem feita e legal. Parabéns!

Bem, leia a entrevista, ouça as músicas no Myspace e veja os vídeos super cool.

Só posso dizer que estou orgulhoso de ter um blog com o mesmo nome da banda e falando nisso, caso eles queiram a URL pra eles, passo na hora.

Traduzi a entrevista da maneira mais direta e informal possível e se alguém quiser dar pitaco e sugestão pra melhorar, é só mandar.

Senhoras e senhores, a primeira entrevista internacional deste blog,We Have Band:


Head - Como é o processo de criação do We Have Band?

We Have Band - Bagunçado porém democrático. Na verdade, a gente nunca tem uma idéia fechada das músicas quando a gente começa. Thomas controla o computador e ele geralmente começa com uma batida, um baixo ou um riff de guitarra e a gente mostra nossas idéias uns pros outros e começamos a construir as músicas assim. Gravamos na maioria das vezes em casa então estamos acostumados a ter a liberdade de executar as idéias quando a gente quer. A regra é que todas as idéias vão ser testadas mas se a gente achar que não está funcionando, descartamos bem rápido. Nós três meio que temos um bom feeling pra saber o que está e o que não está funcionando, meio que sem saber como explicar. Mas quando uma música começa a fazer a gente se mexer de verdade, ou levantar e dançar, a gente sabe que tá boa. Nós escrevemos as letras e e as melodias pra gente mesmo e pra cada membro da banda, então isso acaba sendo a camada final. Isso é algo que a gente adora, não ter um sistema rígido onde cada um de nós só canta o que compôs, flui muito melhor do jeito que a gente faz e é muito mais divertido pra gente e esperamos pra quem ouve também. Basicamente, é o caos organizado.


Shoulder - Quais seus artistas favoritos e como eles influenciam na música de vocês?

We Have Band - Nós gostamos de muitos artistas diferentes. Em termos de influência, a gente tende a ir um pouco pro passado. É legal ouvir músicas novas por prazer. Mas não é muito saudável olhar pros lados pra ver o que as bandas ao seu redor estão fazendo e deixar isso afetar o que você está criando. Música nova é mais uma influência pelo lado social da coisa, saber que existem pessoas que como você, estão se esforçando tanto quanto você, é comfortante. É como fazer parte de uma faculdade de música global ou algo assim. Adoramos ESG, DFA, Michael Jackson, Radiohead, Bjork, Elbow, Doves, Kate Bush. São tantos nomes pra citar. Pessoas que conseguiram criar seu espaço musical diferenciado são os que mais nos influenciam. Na verdade, não é no sentido de querer soar como eles, é mais no sentido de sermos tão corajosos como eles, ou tão singulares como eles e por aí vai.


Knees - Como vocês divulgam o trabalho da banda no início?

We Have Band - Na internet e fazendo shows era tudo o que a gente fazia no começo da banda. E pra ser honesto, é o que a gente faz até agora. Não temos uma grande estrutura de marketing atrás de nós e no momento estamos sem gravadora, então a gente faz um monte de shows e conversamos como pessoas como você (EU!) online. É incrível o quão longe você pode chegar divulgando desse jeito. Estávamos em Moscou essa semana e tocamos pra uma das platéia mais insanas da nossa história. Eles gritavam, cantavam junto, crowd surfing, basicamente indo a loucura e você pensa: "Como é que eles sabem sobre nós?". Mas a gente já tinha tocado lá antes e conversado com alguns blogs e sites russos e os DJs começaram a tocar nossas músicas nos clubes, e foi assim, é assim que funciona. É bastante inspirador. A gente deve muito do que conseguimos pros blogueiros, DJs e pra todos os fãs apaixonados por música que estão sempre procurando coisas novas.


Toes - Qual a melhor e a pior parte de se ter uma banda?

We Have Band - Acho que provavelmente o melhor é ter a chance de viajar pra tantos lugares incríveis. E conhecer tanta gente interessante. Fãs de música são pessoas bastante especiais, então todo lugar que a gente vai, conseguimos de cara conhecer as pessoas mais dinâmicas e aventureiras, isso é um prazer de verdade. E geralmente, tem um promoter que é da cidade e nos não caímos nas armadilhas pra turistas. O pior é provavelmente o contrário, quando você tem que correr de um lugar pro outro e não vê nada além do aeroporto, o carro que você anda, o lugar que você toca e o aeroporto de novo! Apesar que somos bons em arrumar tempo pra dar uma volta e geralmente ficamos nos lugares um pouquinho mais se a gente consegue.


Bonus Round - Hot Chip ou Elliot Smith?

We Have Band - Poxa, isso não é justo porque o Elliot não teve a chance de mostrar tudo o que ele poderia ter se tornado. Temos amor pelos dois!

sábado, 5 de setembro de 2009

Feel Good Band Theory


Música Comprimida


Começando o feriado de sol (acredita que ele aparece!). Me pergunto se existe anti-depressivo musical?

Assim, a perspectiva de três dias de ócio me deixa animado e tenso ao mesmo tempo. Sempre me sinto culpado por não ter descansado o suficiente ou não ter feito tarefas atrasadas.
Mas pelo menos é a chance de acordar na hora que eu quiser e ficar enrolando no quarto (quase sempre na frente do PC) e ouvindo música antes mesmo de pensar em passear o cachorro.

Deveria existir uma compilação pra esse estado de humor. Não existem aquelas "Love Songs" do Polishop/1406, com todas as músicas mais cafonas e clichês do universo? Essa poderia se chamar "Canções Para Gastar Tempo Livre" ou até "Canções Para Sábado De Manhã Sem Trabalho" (sim, eu trabalho aos sábados).

Bandas pra preencher uns dois CDs dessa imaginária coletânea já existem.
Se você subir um pouquinho no cabeçalho do blog e ler a citação, vai ver uma delas: The Wannadies.

Vindos da Suécia, famosos na Inglaterra nos anos 90, quase dominaram o mundo com "You And Me Song", da trilha sonora do "Romeu e Julieta" (aquele com o Leonardo DiCaprio).

Mas a minha Feel Good Song favorita deles é "Someone Somewhere". Dà uma olhada no vídeo aí em baixo:


Feel Good Band #1



Também suecos, o Suburban Kids With Biblical Names (genial, né?) tem no seu primeiro disco, chamado #3, uma coletânea inteira de Feel Good Songs, escolhi "Rent A Wreck" por ser a mais idiotamente animada:



Feel Good Band #2



Pensando bem, daria pra fazer uma coletânea só de bandas suecas mas vamos ampliar a abordagem.

Dos EUA, lembro de primeira do Papas Fritas. E ao ver o vídeo deles um momento de revelação acontece. Existe uma ligação entre todas as Feel Good Bands.

Acho que o conceito de Feel Good Band pode ser explicado assim:

- banda com pessoas de aparência estranha (pra ser bonzinho);
- músicas que lembram canções infantis do prézinho;
- total falta de pretensão e arrogância (faça cara de simpático e não de rockstar);
- depois de somar tudo, crie um nome bobo mas que grude na cabeça;

Pronto! Feel Good Band formada.

Olha os Papas Fritas e veja se não estou certo:



Feel Good Band #3



Americanos também, o Tilly And The Wall é de algum estado bizarro tipo Nebraska, onde só existe plantação de milho. Por isso o conceito "inovador" da banda: misturar sapateado com rock. Juro que adoraria dizer que me enganei, mas é isso mesmo: SAPATEADO COM ROCK.

Pelo menos em "Beat Control", as meninas da banda esqueceram um pouco essa idéia e fizeram uma ótima Feel Good Song, olha aí (a estética do vídeo é confusa, mas se fosse no Brasil, elas seriam de Tocantins ou algo assim, então dá um desconto):



Feel Good Band #4



Essa aqui eu conheci ontem na MTV, chama Hockey. De Portland, Oregon (esse seria mais parecido com Amazonas: o povo caça, tem bastante floresta, etc - os Dandy Warhols são de lá também), os jovens da banda parecem muito animados em terem conhecido Cut Copy semana passada.

O clipe de "Song Away" é cheio de clichês: o nerd que dança de forma bizarra e comete várias gafes, os hypes da galera que acabam imitando a dança dele, a menina nerd que vai fazer par com o rapaz, enfim, a história de qualquer filme adolescente. E falando sério, é BOM. Hahah.

Os teens que querem ser maduros e ouvir música com letras profundas e que levam à reflexão como as do Fresno e NX Zero, deveriam se permitir ser idiotas e gostar do Hockey. Eles seriam muito mais felizes.

Tá curioso? Assiste aí:


Feel Good Band #5


Quer saber? Vou fazer essa coletânea sim.

Na verdade, enquanto escrevia o post acabei fazendo, com capinha e tudo mais.
Dei o nome criativo de Feel Good Bands Vol.1. Só coloquei as cinco músicas que citei aí no post. Mandem sugestões pros próximos volumes.



Baixe Aqui




É isso então, aproveitem o feriado com música animada.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Head, Shoulders, Knees and Toes # 9 - THE JUNKIE DOGS

The Junkie Dogs


Quando o DDR tocou na Casa de Criadores em Maio, nós três ficamos curiosos em saber quem seriam as outras bandas a tocar.

Pra nossa surpresa, das seis selecionadas, no mínimo três (além da gente, claro. haha) eram muito boas. Cada uma com uma proposta de som bem diferente uma da outra.

Foi assim que eu conheci The Junkie Dogs. Quatro rapazes de Belo Horizonte: Rafael Ludicanti (vocais/guitarra), Flávio Seethrough Jones (bateria - eu não entendi a piada com os sobrenomes, alguém pegou?), Marcos Braccini (baixo) e Marcos Sarieddine (teclados) me impressionaram de verdade.

Vou voltar um pouquinho no tempo pra explicar melhor.
Acho que todos nós temos algum disco que sempre nos traz ótimas lembranças, ou mais que isso ainda, são marcos na nossa vida. Um dos mais importantes pra mim é o "Switched On" do Stereolab.


"Switched ME On"



Comprei esse disco por recomendação da Elaine da Bizarre e ficou lá, lacrado no meu quarto por uns dias. Depois de um dia ruim, abri o tal CD e coloquei no discman (precisei colocar o link, caso alguém não lembre o que é).

Ele simplesmente começa com Super-Electric, que até hoje é uma das minhas músicas favoritas. E a sequência é arrebatadora, de tirar o fôlego. Perfeito.

Fui descobrir na minha próxima visita à loja, que esse disco era apenas uma coletânea de singles e não um álbum de verdade. Sou fanático por Stereolab desde então, embora essa última fase bossa-nova gringa não faça muito minha cabeça, eles sempre mantém um nível bom nos discos.

Depois disso fui aprender que eles na verdade adoravam as bandas progressivas alemãs (isso sôa feio pra diabo), ou puramente Krautrock. E bandas como o Neu!, Faust e Can entraram pra coleção também.



"O Post Não Era Sobre Nós?"



Ok, essa foi longa. E o quê os Junkie Dogs têm a ver com isso?

TUDO. Olha essa frase tirada da resposta Shoulder:

"Sempre quisemos que os Dogs soassem como algo entre Portishead, The Kinks, Can, Sonic Youth e Velvet Underground. Tudo acabou ficando diferente, mas ainda gostaríamos de ser o Neubauten."

BINGO! Viu o Can e o Neubaten lá?

Quando se ouve os Junkie Dogs pela primeira vez, você lembra de Interpol. O vocal é parecido, as guitarras são parecidas, a estética da banda (vide foto acima) é parecida.

Não menosprezando o Interpol, banda que eu gosto bastante, mas os Junkie Dogs vão além. Ouça Brain Damage e comprove. Perfeita. Atmosférica, pulsante, sensorial e praticamente palpável.

Li no release oficial deles a seguinte frase:

"As experiências e pesquisas sonoras realizadas pelos Junkie Dogs em suas composições são antes a afirmação de um estilo que se desenvolve por toda a história da contracultura pop, sempre à margem do mainstream. Ou será que não?"


Achei meio arrogante. Mas depois vi, que era isso mesmo. Haha. E PIOR ainda, eu penso sobre o DDR do mesmo jeito. Nós três tentamos fazer música que nos emocione e nos diga alguma coisa. Banda independente no Brasil e que não sôa pop é suicídio. Porém, ao ouvir uma música que você mesmo fez e poderia ter sido feita por qualquer um dos seus ídolos é a melhor realização que se possa ter.


Junkies Porém Limpinhos




Tenhos CERTEZA que os Junkie Dogs sentem o mesmo orgulho. Parabéns rapaziada!

E por favor, alguém pode marcar um show do DDR e dos Dogs em Belo Horizonte pra ontem? Hahah.

Veja a entrevista com a banda e visite o Myspace deles pra conferir as músicas. Aí está, então:


Head - Como é o processo de criação dos Junkie Dogs?
The Junkie Dogs - O Ludicanti faz as músicas durante as madrugadas de insônia alcoólica megalomaníacas dele. Em geral ele chega com os arranjos prontos, ou semiprontos, nos ensaios. Às vezes ele mesmo grava os instrumentos em casa e envia pela net pro resto da turma. Agora, de onde ele tira aqueles absurdos, ninguém faz idéia. Acho que nem ele entende algumas das coisas que fez.
Mas a banda toda contribui, e vários amigos são convidados a contribuir nas composições e nos arranjos. Muitas parcerias acontecem espontaneamente em jam sessions.


Shoulder - Quais seus artistas favoritos e como eles influenciam na música de vocês?
The Junkie Dogs - Estamos ouvindo “She’s Lost Control”, do Joy Division exatamente agora, ao responder essa pergunta. Acho que a atmosfera misteriosa e colapsada da música pode caracterizar bem o que os Junkie Dogs fazem.
Sempre quisemos que os Dogs soassem como algo entre Portishead, The Kinks, Can, Sonic Youth e Velvet Underground. Tudo acabou ficando diferente, mas ainda gostaríamos de ser o Neubauten.
Essas bandas são indomáveis, viscerais, selvagens. Fazem o que querem e como querem.


Knees - Como vocês divulgam o trabalho da banda?
The Junkie Dogs - Diretamente pelos shows, em geral. Mas acho que nosso comportamento obsceno e pouco sutil contribui pra divulgar o que há de melhor na banda.


Toes - Qual a melhor e a pior parte de se ter uma banda?
The Junkie Dogs - O melhor é a diversão. Saber que estamos fazendo o que queremos, e não menos.
O pior é ser pressionado pelo mercado pra sacrificar a beleza pelo dinheiro.

Bonus Round - Hot Chip ou Elliot Smith?
The Junkie Dogs - Hot Chip.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Head, Shoulders, Knees and Toes # 8 - STOP PLAY MOON


Geanine, Ricardo e Paulo


Citar os anos 80 é praticamente um crime hoje em dia. Quando vejo flyers de festas com o temido termo, faço questão de passar longe. Anos 80 nessas festas significa tocar "Enjoy the Silence", "Bizarre Love Triangle" e alguma pra cantar junto, bem alto, como "Voyage, Voyage", "Tainted Love" ou a mais temida de todas: "Sweet Dreams" (arrepios!!!).

Mas a tão surrada década sempre vai ser emblemática por trazer os sintetizadores pra música pop. Kraftwerk, Giorgio Moroder, o pessoal da Disco Music, todos já haviam usado, mas música pop de verdade, de ouvir na FM ou ver sua tia cantarolando junto, foi só nos 80's mesmo.

Quando o Human League lançou "Dare!" em 81, tomou a Inglaterra de assalto. "Don't You Want Me" foi o single mais vendido daquele ano, fora os outros chart-toppers.



Human League



Duran Duran, Pet Shop Boys, Depeche Mode, Erasure e New Order fizeram com que os teclados fossem tão comuns numa banda como a batida e velha guitarra.

Aqui no Brasil, por motivos óbvios (reserva de mercado, pouco acesso a discos importados e um certo ufanismo-só-MPB-é-música-de-verdade da época), os teclados ficaram tímidos na formação de algumas poucas bandas. A nossa "new wave" com Blitz, Metrô e mais umas duas ou três conseguiram emplacar sucessos com o uso de synths.

Nos anos 90, tecladistas em bandas de sucesso eram raros, ou melhor, praticamente um crime inafiançável.

Como tudo na música vêm e vai, no começo dos 2000 uma nova onda synthpop surgiu. Ladytron lançou discos históricos ("604" e "Light & Magic"), depois veio Cut Copy e depois Hot Chip e tudo se misturou. Sintetizadores estão em todo lugar: nos hits da Beyoncé, com o Kanye West e bandas mais recentes como o Franz Ferdinand se "renovam" ao colocar mais sons sintéticos nas suas músicas.


"604"


"Light And Magic"


UFA. Agora posso falar do Stop Play Moon. Geanine Marques, Ricardo Athayde e Paulo Bega constróem suas faixas com muitos synths, batidas eletrônicas e uma guitarra e um baixo de vez em quando. O trio de São Paulo produz música que, se não for única, tem poucos pares por aqui.

Bem, tem um tal de Dark Disko Republik também, que fui informado, usam muitos synths.

A vocalista Geanine Marques fez carreira de sucesso como modelo e participou de outros projetos musicais da cena indie de São Paulo. Seu timbre é único e reconhecível de imediato, o que dá personalidade pra banda. O que me vem à cabeça quando os ouço é (só pra ilustrar): Róisin Murphy (Moloko), Fever Ray e The Knife.

Citam Cocteau Twins como influência e algumas musicas têm essa vibe "etérea" mesmo. Você pode ouvir 7 faixas no Myspace deles. Minha favorita disparado é The End.


Stop Play Moon - Ao Vivo em Londres



Já tocaram na Europa, em festivais importantes daqui (MOTOMIX) e em várias cidades do país.
Som de exportação? Talvez. Então, aproveite enquanto eles ainda estão por aqui.

Abaixo está a entrevista com Paulo Bega, tecladista e guitarrista da banda:

Head - Como é o processo de criação do Stop Play Moon?
Stop Play Moon - Um pouco como Cocteau Twins... Correio, cartas, etc... e a maioria das vezes encontros maravilhosos de muita inspiração.


Shoulder - Quais seus artistas favoritos e como eles influenciam na música de vocês?
Stop Play Moon - Nossa! São muitos... a maioria pós-punk, mas muita coisa da velha guarda antes dos brinquedinhos eletrônicos.


Knees - Como vocês divulgam o trabalho da banda?
Stop Play Moon - Myspace, blogs, Facebook, telegrama... hahah.


Toes - Qual a melhor e a pior parte de se ter uma banda?
Stop Play Moon - A melhor é poder viajar, conhecer pessoas e todo resto que está envolvido... a pior no momento é carregar os equipamentos... mas normalmente é tudo sempre bem legal.


Bonus Round - Hot Chip ou Elliot Smith?
Stop Play Moon - Acho que os dois... ambos têm ótimas referências.

domingo, 30 de agosto de 2009

KILLER TUNES #2 - "RHYTHM OF THE NIGHT"

Pra segunda edição dessa coluna, escolhi uma música no mínimo inusitada. Nem é recente, achei num playlist de uma comunidade no Orkut ano passado. Mas o que mais chama atenção são dois fatos:

1o) Uma banda ITALIANA, sim o Ex-Otago é de Gênova.
2o) É um cover de uma música muito famosa no começo dos 90: Corona - "Rhythm of the Night" (ela é brasileira, pra deixar a coisa ainda mais curiosa).


EX-OTAGO
moda praia 2009



Como se esses dois detalhes não fossem suficientes, a música ficou MUITO boa, mas muito mesmo. E ainda tem um vídeo genial.

Procurei por mais coisas deles e achei essa outra pérola: Amato, The Greengrocer.
Cantada em inglês de uma maneira que só italianos conseguem.

Se alguém tiver idéia do que significa o nome da banda, dá um toque.

Head, Shoulders, Knees and Toes # 7 - JE RÊVE DE TOI


DW Ribatski e Constance Danski


DW é figura quase folclórica em Curitiba (ou talvez só pra mim, desculpa aê). Já teve milhões de bandas, é primo de gente "famosa", ilustrador talentoso e acredita que os quadrinhos não são só pra crianças. Ou seja, cara de respeito.

Conheceu Constance e formaram o Je Rêve de Toi, nome em francês e que poucos sabem como pronunciar ou escrever direito (eu pasto toda vez pra lembrar onde vai o maldito circunflexo). Ou seja, par de respeito.

Logo no começo da banda ele me mostrou as primeiras demos e eu achei muito ruim, sou honesto e sem noção e falei isso pra ele. Ou seja, André é desrespeito.

Lançaram o primeiro EP, de capa linda e músicas boas. Tiveram ótimas resenhas em blogs e o vídeo de Pontos tá rolando no LAB BR da MTV.

Até matéria na NME (sim, essa mesmo que você está pensando) eles tiveram, vejam só (NÃO reparem em quem escreveu a resenha, tá?):


Resenha do Famoso Show na Floresta


Já disse isso MIL vezes, mas nunca é demais: manter uma banda é tarefa árdua. O futuro do duo está meio incerto no momento. Porém, não importa o que aconteça, eles podem se orgulhar do que fizeram.

Lançaram há cerca de um mês o segundo EP chamado "A Encruzilhada". Sei que não estamos acostumados a ouvir músicas cantadas em português, mas sério, sério mesmo, dê uma chance a esse disco. Eu gosto tanto, MAS tanto, que fico até envergonhado e me perguntando o porquê.

Posso citar Of Montreal e MGMT como referências, mas não é bem assim. Falaram até de Jorge Ben, vai saber...

Melhor baixar o EP e decidir você mesmo. Então aí vai a entrevista com eles, Je Rêve de Toi (será que o acento tá no lugar certo?):


Head - Como é o processo de criação do Je Rêve de Toi?
Je Rêve de Toi - O processo é o seguinte: o trabalho da banda sempre acompanha o que acontece em nossas vidas, ou seja é possível dizer que é uma espécie de processo orgânico, não planejado. Já sentamos em fins de tarde na frente do computador e ficamos empurrando quadradinhos pra lá e pra cá e vendo que som saía, isso entre risadas e paradas incidentais. Já tivemos frases (engraçado!) que surgiram na beira de praias vazias. Já tivemos todo processo modificado exatamente por acidentes (não leia "ruins") no percalço... Nosso novo EP é nosso último momento registrado...


Shoulder - Quais seus artistas favoritos e como eles influenciam na música de vocês?
Je Rêve de Toi - Bem, acho que o em comum é o Jorge Ben... não peça pra explicar exatamente, mas tem a ver com amor mesmo, heheh, nos conhecemos conversando sobre "uma banda nova chamada Justice", num show do SuperCordas, heheh. Acho que gostamos muito de (quase) todo tipo de música. Curtimos muito Electrobrega por exemplo, curtimos eletrônicuzão nervoso, a Constance toca música erudita também que eu também adoro...
Curtimos Gismonti, Electric Soft Parade, Cartola, Phoenix, Cut Copy, NPSH, MGMT. 
Michael Jackson também é uma grande influência... samba também (eu morro pelo Cartola, acho que ele e alguns outros músicos brasileiros tem um super paralelo com o "indie", mas só porque não fazem rock, não tem cabelinhos as pessoas não conseguem fazer a analogia, heheh...)
(nota: minha sensação de choque é a mesma que a sua, leitor, hahah.)

Knees - Como vocês divulgam o trabalho da banda?
Je Rêve de Toi - Esperamos o universo dizer como. Heheh. Temos o myspace, blogspot, mas fazemos muito social,haha, assim, a coisa é orgânica MESMO. Vivemos a banda.


Toes - Qual a melhor e a pior parte de se ter uma banda?
Je Rêve de Toi - A melhor, acho que criar... tocar ao vivo pode ser bem legal também quando dá certo. E a pior parte? Quando o som sai todo ruim e você sabe que não é sua culpa, mas das casas de show (a maioria) que não dispõe de condições necessárias e parecem que não acham isso um problema...


Bonus Round - Hot Chip ou Elliot Smith?
Je Rêve de Toi - Aiai... putz, difícil, mas eu diria Hot Chip (samples! samples!!)

Meu Querido Diário #2 - Persistência



WOW!!! Última postagem em Junho. Que bonito, hein?

Várias coisas legais nesse período: melhor disco do ano até agora (sou passional com o que eu gosto, então me deixa!), equipamentos novos pro DDR, dois shows no período (Funhouse - muitos erros e Berlin - muitos choques no microfone), fim das gravações do EP novo e a volta ao trabalho em Agosto depois de férias insanas em Julho, e a lista vai e vai.

Tudo desculpa na verdade, escrever um blog é querer que os outros leiam e ao parar de escrever é desrespeito com quem lê e com as bandas que gentilmente me responderam e toparam as entrevistas.

Só posso pedir desculpas e tentar ser mais assíduo agora.

Semana de volta, recheadíssima. Aguardem.

Dark Disko Kisses.

domingo, 21 de junho de 2009

KILLER TUNES #1 - "MOSTRO 1"

Coluninha nova aqui. Sem periodicidade definida, vou postar alguma faixa que literalmente me derrubou. Começo com o projeto MOSTRO, quatro produtores que se juntaram para fazer um EP sensacional lançado mês passado pela gravadora Absolut Freak.

MOSTRO EP


Ouça aí embaixo a faixa "Mostro 1" produzida por Play Paul e Daniel Dexter, membro do AcidKids , e baixe o EP inteiro aqui. Os B-sides são as faixas "Mostro 2" e "Mostro 3" produzidas por Boris Dlugosch e Raik Fargo sob o nome de Come Klar.


Head, Shoulders, Knees and Toes # 6 - DELTA COCKERS


Delta Cockers


O Marcell do Delta Cockers me achou um belo dia na comunidade do Super Furry Animals no Orkut (miguxice pouca é bobagem). Começamos a conversar, trocar músicas e blah blah blah.
Na época, lá em 2006, ele tinha uma banda chamada Supernova Hotel e me mandou uma faixa deles chamada Campos e Bicicletas. Fiquei apaixonado por essa música e ouvi até dizer chega. A atmosfera Pavement, o vocal desafinado num clima lo-fi e por mais contraditório que isso pareça, com uma produção de qualidade. Tudo me impressionou. Como manter uma banda é uma tarefa bem difícil, o Supernova Hotel acabou no ano seguinte. Ouça a tal faixa aqui embaixo pra matar a curiosidade:



Depois de uns outros projetos que não decolaram, o Marcell conseguiu convencer o Rafael Panke (sobrenome mais cool do planeta) a montar outra banda com ele. Panke também fazia parte do Supernova Hotel. Nasce aí o Delta Cockers.

Tenho uma admiração especial por esses dois por vários motivos. Pra começar, o Panke é baixista e quando vi o show dos Lonely Nerd’s Songbox aqui em São Paulo (esse povo de Curitiba não se satisfaz em ter apenas UMA banda), fiquei impressionado com o talento do cara. Toco baixo no DDR e honestamente, ao me comparar com ele, sinto vergonha de dizer que sou baixista. A naturalidade que ele toca é de dar inveja. Ok, Panke, assumi, pago pau à beça. Mas graças a Deus, no Delta Cockers ele resolveu fazer as programações eletrônicas, para meu alívio e noites de sono bem dormidas. E o cara além de tudo, é um produtor de primeira.


Neo-Hippies ou Synth-Folk ?
Panke e Marcell desafiam seus conceitos musicais


Já o Marcell é daqueles caras que é tão apaixonado pelos sons que ouve (a maioria, confesso, eu não tolero) que suas composições soam autênticas a primeira ouvida. Eles fazem a música que gostam de ouvir e conseguem um resultado primoroso. Defina você mesmo o tipo de som que eles fazem ao ouvir a banda.
Já que estamos aqui pra nos divertir e não só informar, proponho a enquete (é só votar nos comments).

Defina o som do Delta Cockers:

a) folk-rock celta-galego (Maíra me inspirou neste);
b) synth-folk ;
c) synthpop melódico (imagine Ladytron no lugar de My Chemical Romance!);
d) rock curitibano ;
e) todas as anteriores com a inclusão do minimal-techno (agora um pouco mais orgânico, li aí esses dias.)


Pra nós idiotas que nos propomos a compor e gravar músicas, a idéia da exposição ao escrever as letras é assustadora.
Porém, Marcell o faz sem medo e suas letras são de dar inveja a qualquer poeta concreto. A velha questão da sonoridade do Português no rock, pode até aparecer no início, mas logo passa. Além de que foi ele que me convenceu que Of Montreal era bom, e só por isso já valeu ter cruzado com o rapaz.

Eles já lançaram dois EPs (O Começo da Paisagem e Quadrados Continentais) e estão finalizando o terceiro. Baixe as músicas e ouça com atenção, quanto mais você as ouvir mais vai perceber o talento dos caras. Confesso, sou fã de carteirinha.

Com vocês, DELTA COCKERS:

Head - Como é o processo de criação do Delta Cockers?
Delta Cockers - Não temos uma regra clara do modo como as músicas são feitas.
Elas simplesmente surgem nas nossas cabeças e a partir de alguma idéia base, a gente continua o processo.
Isso pode ser doloroso.

Shoulders - Quais seus artistas favoritos e como eles influenciam na música de vocês?
Delta Cockers - Nossos artistas preferidos não são os que mais ouvimos hoje em dia, vai ver, a influência deles já está em nosso sangue.
Podemos citar as bandas da Matador, da Elephant6, as bandas shoegazer do começo dos 90...
Se falarmos de artistas recentes poderiam ser o M83, o MGMT, o Cut Copy, o Ladytron (e por aí vai).
Dá pra dizer que o Marcell é grande entusiasta do Jeff Mangun
e que o Rafael admira bastante do modo de produção do Dave Friedman (vulgo Papai Noel).

Knees - Como vocês divulgam o trabalho da banda?
Delta Cockers - O grande meio de divulgação pra qualquer banda hoje em dia, invariavelmente é a Internet.
Bons shows também ajudam (isso se houver algum público interessado).
E sempre vale aquela máxima de se fazer um bom trabalho e de divulgá-lo na hora certa e pro público certo.

Toes - Qual a melhor é a pior parte de se ter uma banda?
Delta Cockers - Pensamos que numa banda a gente pode "unir o útil com o agradável". Então, não tentamos ver o lado ruim disso.

Bonus Round - Hot Chip ou Elliot Smith?
Delta Cockers - Hahahaha, se essa pergunta fosse feita há alguns anos certamente a resposta seria Elliot Smith.
O Hot Chip está bem mais próximo do que consideramos música pop atualmente.
Ou seria o Beulah?

sábado, 20 de junho de 2009

Meu Querido Diário #1 - I'm a Lucky Bastard



Tive uma semana dos infernos.
Meu PC quebrou, fiquei doente, faltei no trabalho, tive uma briga feia com um cara que talvez seja um dos meus melhores amigos atualmente (aquele chavão do "só se briga com quem se gosta" se encaixa como uma luva aqui.) e por aí vai.
Bem, o PC voltou a funcionar, melhorei do mal estar, voltei ao trabalho e sei que vou resolver essa "briga" com meu amigo, pois afinal nós dois temos exatamente os MESMOS objetivos.
Mas nesses momentos "hit rock bottom" que você avalia que no fim das contas você é um sortudo FDP que só reclama de barriga cheia.

No meu caso por exemplo:

- os caras do Clickbox (que agora fazem parte do cast da M_nus do Richie Hawtin e começam uma turnê pela Europa agora em julho) que nuns posts aí abaixo eu conto que compraram meu Juno 60 e que eu pago um pau pras produções "primeiro mundo" deles, vão ajudar o DDR em alguns planos futuros;

- um amigo americano que vem pro Brasil agora em julho e vai trazer um ar fresco pras músicas aqui de casa e se tudo der certo, vamos fazer uma tour de DJ sets por aí;

- ter a chance de ver bandas como o Bonde do Rolê ao vivo, como vi ontem. Ok, eles são controversos,você pode odiá-los, mas PQP, o show deles é demais. Muito orgulho deles e do Rodrigo;

No melhor estilo Pollyana, não importa quão baixo você chegar, sempre tem algo de bom ao seu redor que você nem percebe. E posso dizer: I'm a Lucky Bastard and that's it.

Head, Shoulders, Knees and Toes # 5 - MILOCOVIK


Milocovik (créditos)


Há mais ou menos duas semanas me deparei com o seguinte release de uma banda brasileira (o release estava em inglês mesmo): "Music to drink and fuck to... Drinking and fucking. What else we can say? Let's drink and fuck and listen to THE BAND". Permitam-me a tradução livre: "Música para beber e co... umas minas... Beber e fu.... O que mais podemos dizer? Vamos beber, fu... e ouvir a TAL BANDA."

Não vou falar qual banda é, porque só falo "mal" de quem eu conheço. Porém, ao ler esse release, o Milocovik me veio à cabeça na hora. Calma, vou me explicar.

No fim do show do DDR na Casa de Criadores, um sujeito muito simpático veio falar comigo. As pessoas esquecem o quanto a gentileza e a camaradagem são importantes nessa nossa vidinha mundana, e o cara já me "conquistou" pela educação.

Tonini era o nome do rapaz, e ele me disse que tocava numa banda chamada Milocovik, que por sinal havia tocado no mesmo Festival Casa de Criadores no ano anterior. E pra completar o pacote "Mr Nice Guy", ele me presenteia com souvenirs da banda dele.
Três porta-copos com um design muito bonito. Sim, você leu certo, PORTA-COPOS.

Fui pra casa com aqueles intrigantes objetos e pensando: "Que raio de estratégia de marketing é essa?". Tá, eles eram bonitos, porém eram PORTA-COPOS. E foram esses que me fizeram ligar os Milocovik direto à banda do release acima. Funciona assim, ó:

A banda do release faz música pra "você com... as minas e beber umas brejas"., já os Milocoviks fazem assim: Eles te dão porta-copos pra você colocar a cerveja que vai te deixar mais desinibido pra você falar com a menina mais bonita da festa e no fim da noite levar a moça pra sua casa e ter uma noite intensa com ela.

Sacou a diferença? E depois de tudo, você ainda vai lembrar do PORTA-COPOS pra sempre.

Nizan Guanaes? Washington Olivetto? NADA DISSO. Só o Milocovik pode fazer Dilma ser simpática pra ganhar a eleição. Marketeiros geniais, e devo dizer, beeeeem mais bonitos, inteligentes e hmmmm... MENOS primitivos que os caras da banda do release.

Falando de música agora. Eles acabaram de lançar o EP "Sex Pack"(baixe aqui) que é encabeçado pelo mega-hit "Out of Her House" (que eu julgo ser sobre sexo). Imagine Franz Ferdinand misturado com as melhores guitarras que os Libertines fizeram (sim, elas existiram) e tudo isso feito aqui meu povo, em Terra Brasilis. Ouça "Out of Her House" aqui embaixo e me digam se não tenho razão.




E com vocês, MILOCOVIK:

Head - Como é o processo de criação do Milocovik?
Milocovik - Na maioria das vezes, um ou mais "milocos" chegam com uma inspiração inicial: Uma linha melódica, um groove, enfim, a essência da música. Algumas vezes é só uma semente, outras vezes é uma coisa mais completa. A partir daí, começamos a experimentar arranjos, tempos e a música vem vindo. O conceito da letra vai aparecendo junto no processo, porém, a sua composição costuma ser a etapa final... ou não.


Shoulders - Quais seus artistas favoritos e como eles influenciam na música de vocês?
Milocovik - Poxa... Gostamos de Beatles, de música de gente doida, de rock com pegada dançante, várias bandas indie, etc. Além do campo musical, também somos influenciados por vários artistas de toda cena urbana: ilustradores, galera da moda, designers, artistas da rua... Isso afeta na nossa criação musical e na criação do estilo visual e conceitual da banda, por exemplo.


Knees - Como vocês divulgam o trabalho da banda?
Milocovik - É assim: Aproveitando esse espaço incrível, a gente gostaria de deixar o nosso Myspace aonde você pode conferir nossa agenda de shows e, até, baixar gratuitamente o nosso novo EP! Digita aí: www.myspace.com/milocovik ou www.milocovik.com


Toes - Qual a melhor e a pior parte de se ter uma banda?
Milocovik - Melhor: É ter uma banda: criar, tocar ao vivo, beber e conhecer gente!
Pior: Ué, ensaiar, claro...rsrs... mas a gente aguenta... rsrss

Bonus Round - Hot Chip ou Elliot Smith?
Milocovik - Hot Chip! ;)

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Head, Shoulders, Knees and Toes # 4 - BONDE DO ROLÊ


Bonde do Rolê (por Manuel Nogueira)



Tenho uma amiga, Maíra Mee, que é extremamente dedicada à música. Como eu, viajou para o exterior apenas para ver shows e conhecer bandas.

Em janeiro de 98 em Londres, naqueles encontros inexplicáveis do destino, nos cruzamos na frente do Astoria na entrada de um show do Super Furry Animals. Eu já voltando pro Brasil e ela recém chegada.

Conversamos sobre as bandas que estávamos ouvindo, e entre outras dicas, eu recomendei o “Barafundle” do Gorky’s Zygotic Mynci. Um dos melhores discos de 97 e que ouço até hoje.

Ainda naquele ano, ao conversar com o guitarrista do Gorky’s no fim de um show, ela descobre que o único site da banda existente naquela época tinha sido feito por um brasileiro que morava no Rio de Janeiro. Um tal de Rodrigo.

Claro que ela entrou em contato com ele e o apelidou de Rodrigo Gorky, por motivos óbvios. E eu acabei sendo o André Gorky por ter apresentado a ela sua nova banda favorita. Mas meu apelido não pegou, e não é agora que eu vou usá-lo(embora eu e o Rodrigo sejamos “rechonchudamente” parecidos).

Quando conheci o Rodrigo ao vivo, ele era mais um nerd musical como nós e falava apaixonadamente sobre as bandas que gostava . Nunca fomos próximos, porém sempre mantivemos contato.


Gorky - Good Vibrations Mode


Por isso, eu posso falar abertamente: eu NUNCA gostei de Bonde do Rolê.
Não vejo graça em funk carioca, não gosto de palavrões em letra de música e nunca entendi como o Rodrigo poderia fazer aquele tipo de música.

Porém, ano passado, ele me convidou pra ver um show deles no Coachella e eu fiquei chocado com o que eu vi. O set deles coincidia com o do MGMT (abril de 2008 – começo do hype deles) e a tenda do Bonde estava tão ou mais cheia que a concorrente. A energia que a banda passa é quase palpável, os gringos não param de dançar um minuto, e eles CANTAM também (soltah ow thrangow meegna gentchi).

Naquele momento então, eu entendi que eles não fazem o tão execrado funk carioca, eles fazem música POP e são uma FEEL-GOOD band ao vivo. Você quer estar ali, você vibra o show inteiro porque você vê o tesão com que eles cantam. Dos vários shows que vi naquele fim de semana, talvez uns dois ou três tenham tido essa mesma vibe.

Rodrigo que é tão calado e na dele, entrou na onda das então recém-contratadas vocalistas (era a primeira tour com o novo line-up), que estavam orgulhosas de estar ali e isso faz toda a diferença. Pedro agradece a animação da platéia e você vê que ele está radiante pela experiência.


Hoje em dia me pego clicando conscientemente na pasta do With Lasers e ouvindo os hits e mais, já me peguei dançando animadamente ao som de um remix de Marina Gasolina no Vegas. Quem diria, hein?
Você pode não gostar de Bonde do Rolê, nem ter vontade de escuta-los, mas saiba que apesar de todas as críticas que eles recebem, eles já fizeram história e eu prefiro que os gringos imaginem que nós somos animados e de bem com a vida do que uma banda de indie-shoegazers losers, ou ainda um medalhão qualquer da MPB ou da Bossa Nova.

Com o segundo disco deles saindo no segundo semestre, com produção de Edu K, Fredi da Comunidade Nin-Jitsu e João Brasil, é só torcer pra que a feel-good vibe deles ainda dure por anos.
E nesta sexta 19/06 no Studio SP, você vai ter a rara chance de vê-los ao vivo e sentir isso que eu contei aí.
Com vocês, Bonde do Rolê:

Head - Como é o processo de criação do Bonde?
Bonde do Rolê - Depende de qual parte, normalmente ou se tem uma música ou uma letra.
Geralmente as letras vêm de coisas que achamos engraçadas ou divertidas pra cantarmos e as músicas vêm de dentro do nosso coração (minha coleção de discos), da nossa alma (talento nato pra pilantragem), com o fator sorte embutido. O processo está sendo mais coletivo hoje em dia porque antigamente cada um fazia algo.

Shoulders - Quais seus artistas favoritos e como eles influenciam na música de vocês?
Bonde do Rolê – São muitos, mas muita coisa que gosto e admiro no fim não tem nada a ver com o Bonde. Por exemplo, é difícil eu conseguir traçar semelhanças entre a gente e os Beach Boys.
Mas já pro Bonde, temos algumas pessoas/bandas que nos espelhamos bastante e que ajudaram a gente a fazer o que fazemos. Como o Jason Forrest com os cut & paste dele transformando samples cafonas em músicas novas incríveis. Daft Punk fazendo uma música inteira com um samplezinho só. Comunidade Nin-Jitsu pela irreverência desde o começo da banda e os Beastie Boys pelo mesmo motivo

Knees - Como vocês divulgam o trabalho da banda?
Bonde do Rolê - No começo era tudo na base da amizade, manda mp3 pra um amigo aqui, outro ali. Depois decidimos por no myspace, e foi assim. As pessoas foram aparecendo. Acho que no fundo, nunca fomos muito bons com divulgação não. Foi muito mais uma coisa de fazer a coisa certa, na hora certa e no lugar mais improvável possível (Curitiba).

O management que todos imaginam que uma banda com selo tem, funciona muito mais para lidar com os pepinos que você não quer lidar. Hoje em dia, papel de manager tá caindo, é tudo bem mais fácil de se fazer. Se você tiver um advogado de confiança e uma paciência de ouro, você não precisa de manager.

A nossa divulgação oficial, na verdade, quem faz é a Domino e a Mad Decent. E a gente, no Twitter, no Orkut.e no Myspace.

Toes - Qual a melhor e a pior parte de se ter uma banda?
Bonde do Rolê – A melhor parte é a chance de viajar o mundo e fazer dinheiro com o que gosta.
A pior parte são as viagens - digo, enfrentar voos com escalas de 26 horas pra Austrália, vans que demoram 10 horas pra chegar.

Bonus Round - Hot Chip ou Elliot Smith?
Bonde do Rolê - Hot Chip. Nunca fui muito com o Elliot Smith não. Pra dizer a verdade, são poucas coisas que eu gosto do Elliot Smith. E vamos combinar que o Arthur Russell é bem mais bafo.