segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Head, Shoulders, Knees and Toes # 8 - STOP PLAY MOON


Geanine, Ricardo e Paulo


Citar os anos 80 é praticamente um crime hoje em dia. Quando vejo flyers de festas com o temido termo, faço questão de passar longe. Anos 80 nessas festas significa tocar "Enjoy the Silence", "Bizarre Love Triangle" e alguma pra cantar junto, bem alto, como "Voyage, Voyage", "Tainted Love" ou a mais temida de todas: "Sweet Dreams" (arrepios!!!).

Mas a tão surrada década sempre vai ser emblemática por trazer os sintetizadores pra música pop. Kraftwerk, Giorgio Moroder, o pessoal da Disco Music, todos já haviam usado, mas música pop de verdade, de ouvir na FM ou ver sua tia cantarolando junto, foi só nos 80's mesmo.

Quando o Human League lançou "Dare!" em 81, tomou a Inglaterra de assalto. "Don't You Want Me" foi o single mais vendido daquele ano, fora os outros chart-toppers.



Human League



Duran Duran, Pet Shop Boys, Depeche Mode, Erasure e New Order fizeram com que os teclados fossem tão comuns numa banda como a batida e velha guitarra.

Aqui no Brasil, por motivos óbvios (reserva de mercado, pouco acesso a discos importados e um certo ufanismo-só-MPB-é-música-de-verdade da época), os teclados ficaram tímidos na formação de algumas poucas bandas. A nossa "new wave" com Blitz, Metrô e mais umas duas ou três conseguiram emplacar sucessos com o uso de synths.

Nos anos 90, tecladistas em bandas de sucesso eram raros, ou melhor, praticamente um crime inafiançável.

Como tudo na música vêm e vai, no começo dos 2000 uma nova onda synthpop surgiu. Ladytron lançou discos históricos ("604" e "Light & Magic"), depois veio Cut Copy e depois Hot Chip e tudo se misturou. Sintetizadores estão em todo lugar: nos hits da Beyoncé, com o Kanye West e bandas mais recentes como o Franz Ferdinand se "renovam" ao colocar mais sons sintéticos nas suas músicas.


"604"


"Light And Magic"


UFA. Agora posso falar do Stop Play Moon. Geanine Marques, Ricardo Athayde e Paulo Bega constróem suas faixas com muitos synths, batidas eletrônicas e uma guitarra e um baixo de vez em quando. O trio de São Paulo produz música que, se não for única, tem poucos pares por aqui.

Bem, tem um tal de Dark Disko Republik também, que fui informado, usam muitos synths.

A vocalista Geanine Marques fez carreira de sucesso como modelo e participou de outros projetos musicais da cena indie de São Paulo. Seu timbre é único e reconhecível de imediato, o que dá personalidade pra banda. O que me vem à cabeça quando os ouço é (só pra ilustrar): Róisin Murphy (Moloko), Fever Ray e The Knife.

Citam Cocteau Twins como influência e algumas musicas têm essa vibe "etérea" mesmo. Você pode ouvir 7 faixas no Myspace deles. Minha favorita disparado é The End.


Stop Play Moon - Ao Vivo em Londres



Já tocaram na Europa, em festivais importantes daqui (MOTOMIX) e em várias cidades do país.
Som de exportação? Talvez. Então, aproveite enquanto eles ainda estão por aqui.

Abaixo está a entrevista com Paulo Bega, tecladista e guitarrista da banda:

Head - Como é o processo de criação do Stop Play Moon?
Stop Play Moon - Um pouco como Cocteau Twins... Correio, cartas, etc... e a maioria das vezes encontros maravilhosos de muita inspiração.


Shoulder - Quais seus artistas favoritos e como eles influenciam na música de vocês?
Stop Play Moon - Nossa! São muitos... a maioria pós-punk, mas muita coisa da velha guarda antes dos brinquedinhos eletrônicos.


Knees - Como vocês divulgam o trabalho da banda?
Stop Play Moon - Myspace, blogs, Facebook, telegrama... hahah.


Toes - Qual a melhor e a pior parte de se ter uma banda?
Stop Play Moon - A melhor é poder viajar, conhecer pessoas e todo resto que está envolvido... a pior no momento é carregar os equipamentos... mas normalmente é tudo sempre bem legal.


Bonus Round - Hot Chip ou Elliot Smith?
Stop Play Moon - Acho que os dois... ambos têm ótimas referências.

domingo, 30 de agosto de 2009

KILLER TUNES #2 - "RHYTHM OF THE NIGHT"

Pra segunda edição dessa coluna, escolhi uma música no mínimo inusitada. Nem é recente, achei num playlist de uma comunidade no Orkut ano passado. Mas o que mais chama atenção são dois fatos:

1o) Uma banda ITALIANA, sim o Ex-Otago é de Gênova.
2o) É um cover de uma música muito famosa no começo dos 90: Corona - "Rhythm of the Night" (ela é brasileira, pra deixar a coisa ainda mais curiosa).


EX-OTAGO
moda praia 2009



Como se esses dois detalhes não fossem suficientes, a música ficou MUITO boa, mas muito mesmo. E ainda tem um vídeo genial.

Procurei por mais coisas deles e achei essa outra pérola: Amato, The Greengrocer.
Cantada em inglês de uma maneira que só italianos conseguem.

Se alguém tiver idéia do que significa o nome da banda, dá um toque.

Head, Shoulders, Knees and Toes # 7 - JE RÊVE DE TOI


DW Ribatski e Constance Danski


DW é figura quase folclórica em Curitiba (ou talvez só pra mim, desculpa aê). Já teve milhões de bandas, é primo de gente "famosa", ilustrador talentoso e acredita que os quadrinhos não são só pra crianças. Ou seja, cara de respeito.

Conheceu Constance e formaram o Je Rêve de Toi, nome em francês e que poucos sabem como pronunciar ou escrever direito (eu pasto toda vez pra lembrar onde vai o maldito circunflexo). Ou seja, par de respeito.

Logo no começo da banda ele me mostrou as primeiras demos e eu achei muito ruim, sou honesto e sem noção e falei isso pra ele. Ou seja, André é desrespeito.

Lançaram o primeiro EP, de capa linda e músicas boas. Tiveram ótimas resenhas em blogs e o vídeo de Pontos tá rolando no LAB BR da MTV.

Até matéria na NME (sim, essa mesmo que você está pensando) eles tiveram, vejam só (NÃO reparem em quem escreveu a resenha, tá?):


Resenha do Famoso Show na Floresta


Já disse isso MIL vezes, mas nunca é demais: manter uma banda é tarefa árdua. O futuro do duo está meio incerto no momento. Porém, não importa o que aconteça, eles podem se orgulhar do que fizeram.

Lançaram há cerca de um mês o segundo EP chamado "A Encruzilhada". Sei que não estamos acostumados a ouvir músicas cantadas em português, mas sério, sério mesmo, dê uma chance a esse disco. Eu gosto tanto, MAS tanto, que fico até envergonhado e me perguntando o porquê.

Posso citar Of Montreal e MGMT como referências, mas não é bem assim. Falaram até de Jorge Ben, vai saber...

Melhor baixar o EP e decidir você mesmo. Então aí vai a entrevista com eles, Je Rêve de Toi (será que o acento tá no lugar certo?):


Head - Como é o processo de criação do Je Rêve de Toi?
Je Rêve de Toi - O processo é o seguinte: o trabalho da banda sempre acompanha o que acontece em nossas vidas, ou seja é possível dizer que é uma espécie de processo orgânico, não planejado. Já sentamos em fins de tarde na frente do computador e ficamos empurrando quadradinhos pra lá e pra cá e vendo que som saía, isso entre risadas e paradas incidentais. Já tivemos frases (engraçado!) que surgiram na beira de praias vazias. Já tivemos todo processo modificado exatamente por acidentes (não leia "ruins") no percalço... Nosso novo EP é nosso último momento registrado...


Shoulder - Quais seus artistas favoritos e como eles influenciam na música de vocês?
Je Rêve de Toi - Bem, acho que o em comum é o Jorge Ben... não peça pra explicar exatamente, mas tem a ver com amor mesmo, heheh, nos conhecemos conversando sobre "uma banda nova chamada Justice", num show do SuperCordas, heheh. Acho que gostamos muito de (quase) todo tipo de música. Curtimos muito Electrobrega por exemplo, curtimos eletrônicuzão nervoso, a Constance toca música erudita também que eu também adoro...
Curtimos Gismonti, Electric Soft Parade, Cartola, Phoenix, Cut Copy, NPSH, MGMT. 
Michael Jackson também é uma grande influência... samba também (eu morro pelo Cartola, acho que ele e alguns outros músicos brasileiros tem um super paralelo com o "indie", mas só porque não fazem rock, não tem cabelinhos as pessoas não conseguem fazer a analogia, heheh...)
(nota: minha sensação de choque é a mesma que a sua, leitor, hahah.)

Knees - Como vocês divulgam o trabalho da banda?
Je Rêve de Toi - Esperamos o universo dizer como. Heheh. Temos o myspace, blogspot, mas fazemos muito social,haha, assim, a coisa é orgânica MESMO. Vivemos a banda.


Toes - Qual a melhor e a pior parte de se ter uma banda?
Je Rêve de Toi - A melhor, acho que criar... tocar ao vivo pode ser bem legal também quando dá certo. E a pior parte? Quando o som sai todo ruim e você sabe que não é sua culpa, mas das casas de show (a maioria) que não dispõe de condições necessárias e parecem que não acham isso um problema...


Bonus Round - Hot Chip ou Elliot Smith?
Je Rêve de Toi - Aiai... putz, difícil, mas eu diria Hot Chip (samples! samples!!)

Meu Querido Diário #2 - Persistência



WOW!!! Última postagem em Junho. Que bonito, hein?

Várias coisas legais nesse período: melhor disco do ano até agora (sou passional com o que eu gosto, então me deixa!), equipamentos novos pro DDR, dois shows no período (Funhouse - muitos erros e Berlin - muitos choques no microfone), fim das gravações do EP novo e a volta ao trabalho em Agosto depois de férias insanas em Julho, e a lista vai e vai.

Tudo desculpa na verdade, escrever um blog é querer que os outros leiam e ao parar de escrever é desrespeito com quem lê e com as bandas que gentilmente me responderam e toparam as entrevistas.

Só posso pedir desculpas e tentar ser mais assíduo agora.

Semana de volta, recheadíssima. Aguardem.

Dark Disko Kisses.