domingo, 21 de junho de 2009

KILLER TUNES #1 - "MOSTRO 1"

Coluninha nova aqui. Sem periodicidade definida, vou postar alguma faixa que literalmente me derrubou. Começo com o projeto MOSTRO, quatro produtores que se juntaram para fazer um EP sensacional lançado mês passado pela gravadora Absolut Freak.

MOSTRO EP


Ouça aí embaixo a faixa "Mostro 1" produzida por Play Paul e Daniel Dexter, membro do AcidKids , e baixe o EP inteiro aqui. Os B-sides são as faixas "Mostro 2" e "Mostro 3" produzidas por Boris Dlugosch e Raik Fargo sob o nome de Come Klar.


Head, Shoulders, Knees and Toes # 6 - DELTA COCKERS


Delta Cockers


O Marcell do Delta Cockers me achou um belo dia na comunidade do Super Furry Animals no Orkut (miguxice pouca é bobagem). Começamos a conversar, trocar músicas e blah blah blah.
Na época, lá em 2006, ele tinha uma banda chamada Supernova Hotel e me mandou uma faixa deles chamada Campos e Bicicletas. Fiquei apaixonado por essa música e ouvi até dizer chega. A atmosfera Pavement, o vocal desafinado num clima lo-fi e por mais contraditório que isso pareça, com uma produção de qualidade. Tudo me impressionou. Como manter uma banda é uma tarefa bem difícil, o Supernova Hotel acabou no ano seguinte. Ouça a tal faixa aqui embaixo pra matar a curiosidade:



Depois de uns outros projetos que não decolaram, o Marcell conseguiu convencer o Rafael Panke (sobrenome mais cool do planeta) a montar outra banda com ele. Panke também fazia parte do Supernova Hotel. Nasce aí o Delta Cockers.

Tenho uma admiração especial por esses dois por vários motivos. Pra começar, o Panke é baixista e quando vi o show dos Lonely Nerd’s Songbox aqui em São Paulo (esse povo de Curitiba não se satisfaz em ter apenas UMA banda), fiquei impressionado com o talento do cara. Toco baixo no DDR e honestamente, ao me comparar com ele, sinto vergonha de dizer que sou baixista. A naturalidade que ele toca é de dar inveja. Ok, Panke, assumi, pago pau à beça. Mas graças a Deus, no Delta Cockers ele resolveu fazer as programações eletrônicas, para meu alívio e noites de sono bem dormidas. E o cara além de tudo, é um produtor de primeira.


Neo-Hippies ou Synth-Folk ?
Panke e Marcell desafiam seus conceitos musicais


Já o Marcell é daqueles caras que é tão apaixonado pelos sons que ouve (a maioria, confesso, eu não tolero) que suas composições soam autênticas a primeira ouvida. Eles fazem a música que gostam de ouvir e conseguem um resultado primoroso. Defina você mesmo o tipo de som que eles fazem ao ouvir a banda.
Já que estamos aqui pra nos divertir e não só informar, proponho a enquete (é só votar nos comments).

Defina o som do Delta Cockers:

a) folk-rock celta-galego (Maíra me inspirou neste);
b) synth-folk ;
c) synthpop melódico (imagine Ladytron no lugar de My Chemical Romance!);
d) rock curitibano ;
e) todas as anteriores com a inclusão do minimal-techno (agora um pouco mais orgânico, li aí esses dias.)


Pra nós idiotas que nos propomos a compor e gravar músicas, a idéia da exposição ao escrever as letras é assustadora.
Porém, Marcell o faz sem medo e suas letras são de dar inveja a qualquer poeta concreto. A velha questão da sonoridade do Português no rock, pode até aparecer no início, mas logo passa. Além de que foi ele que me convenceu que Of Montreal era bom, e só por isso já valeu ter cruzado com o rapaz.

Eles já lançaram dois EPs (O Começo da Paisagem e Quadrados Continentais) e estão finalizando o terceiro. Baixe as músicas e ouça com atenção, quanto mais você as ouvir mais vai perceber o talento dos caras. Confesso, sou fã de carteirinha.

Com vocês, DELTA COCKERS:

Head - Como é o processo de criação do Delta Cockers?
Delta Cockers - Não temos uma regra clara do modo como as músicas são feitas.
Elas simplesmente surgem nas nossas cabeças e a partir de alguma idéia base, a gente continua o processo.
Isso pode ser doloroso.

Shoulders - Quais seus artistas favoritos e como eles influenciam na música de vocês?
Delta Cockers - Nossos artistas preferidos não são os que mais ouvimos hoje em dia, vai ver, a influência deles já está em nosso sangue.
Podemos citar as bandas da Matador, da Elephant6, as bandas shoegazer do começo dos 90...
Se falarmos de artistas recentes poderiam ser o M83, o MGMT, o Cut Copy, o Ladytron (e por aí vai).
Dá pra dizer que o Marcell é grande entusiasta do Jeff Mangun
e que o Rafael admira bastante do modo de produção do Dave Friedman (vulgo Papai Noel).

Knees - Como vocês divulgam o trabalho da banda?
Delta Cockers - O grande meio de divulgação pra qualquer banda hoje em dia, invariavelmente é a Internet.
Bons shows também ajudam (isso se houver algum público interessado).
E sempre vale aquela máxima de se fazer um bom trabalho e de divulgá-lo na hora certa e pro público certo.

Toes - Qual a melhor é a pior parte de se ter uma banda?
Delta Cockers - Pensamos que numa banda a gente pode "unir o útil com o agradável". Então, não tentamos ver o lado ruim disso.

Bonus Round - Hot Chip ou Elliot Smith?
Delta Cockers - Hahahaha, se essa pergunta fosse feita há alguns anos certamente a resposta seria Elliot Smith.
O Hot Chip está bem mais próximo do que consideramos música pop atualmente.
Ou seria o Beulah?

sábado, 20 de junho de 2009

Meu Querido Diário #1 - I'm a Lucky Bastard



Tive uma semana dos infernos.
Meu PC quebrou, fiquei doente, faltei no trabalho, tive uma briga feia com um cara que talvez seja um dos meus melhores amigos atualmente (aquele chavão do "só se briga com quem se gosta" se encaixa como uma luva aqui.) e por aí vai.
Bem, o PC voltou a funcionar, melhorei do mal estar, voltei ao trabalho e sei que vou resolver essa "briga" com meu amigo, pois afinal nós dois temos exatamente os MESMOS objetivos.
Mas nesses momentos "hit rock bottom" que você avalia que no fim das contas você é um sortudo FDP que só reclama de barriga cheia.

No meu caso por exemplo:

- os caras do Clickbox (que agora fazem parte do cast da M_nus do Richie Hawtin e começam uma turnê pela Europa agora em julho) que nuns posts aí abaixo eu conto que compraram meu Juno 60 e que eu pago um pau pras produções "primeiro mundo" deles, vão ajudar o DDR em alguns planos futuros;

- um amigo americano que vem pro Brasil agora em julho e vai trazer um ar fresco pras músicas aqui de casa e se tudo der certo, vamos fazer uma tour de DJ sets por aí;

- ter a chance de ver bandas como o Bonde do Rolê ao vivo, como vi ontem. Ok, eles são controversos,você pode odiá-los, mas PQP, o show deles é demais. Muito orgulho deles e do Rodrigo;

No melhor estilo Pollyana, não importa quão baixo você chegar, sempre tem algo de bom ao seu redor que você nem percebe. E posso dizer: I'm a Lucky Bastard and that's it.

Head, Shoulders, Knees and Toes # 5 - MILOCOVIK


Milocovik (créditos)


Há mais ou menos duas semanas me deparei com o seguinte release de uma banda brasileira (o release estava em inglês mesmo): "Music to drink and fuck to... Drinking and fucking. What else we can say? Let's drink and fuck and listen to THE BAND". Permitam-me a tradução livre: "Música para beber e co... umas minas... Beber e fu.... O que mais podemos dizer? Vamos beber, fu... e ouvir a TAL BANDA."

Não vou falar qual banda é, porque só falo "mal" de quem eu conheço. Porém, ao ler esse release, o Milocovik me veio à cabeça na hora. Calma, vou me explicar.

No fim do show do DDR na Casa de Criadores, um sujeito muito simpático veio falar comigo. As pessoas esquecem o quanto a gentileza e a camaradagem são importantes nessa nossa vidinha mundana, e o cara já me "conquistou" pela educação.

Tonini era o nome do rapaz, e ele me disse que tocava numa banda chamada Milocovik, que por sinal havia tocado no mesmo Festival Casa de Criadores no ano anterior. E pra completar o pacote "Mr Nice Guy", ele me presenteia com souvenirs da banda dele.
Três porta-copos com um design muito bonito. Sim, você leu certo, PORTA-COPOS.

Fui pra casa com aqueles intrigantes objetos e pensando: "Que raio de estratégia de marketing é essa?". Tá, eles eram bonitos, porém eram PORTA-COPOS. E foram esses que me fizeram ligar os Milocovik direto à banda do release acima. Funciona assim, ó:

A banda do release faz música pra "você com... as minas e beber umas brejas"., já os Milocoviks fazem assim: Eles te dão porta-copos pra você colocar a cerveja que vai te deixar mais desinibido pra você falar com a menina mais bonita da festa e no fim da noite levar a moça pra sua casa e ter uma noite intensa com ela.

Sacou a diferença? E depois de tudo, você ainda vai lembrar do PORTA-COPOS pra sempre.

Nizan Guanaes? Washington Olivetto? NADA DISSO. Só o Milocovik pode fazer Dilma ser simpática pra ganhar a eleição. Marketeiros geniais, e devo dizer, beeeeem mais bonitos, inteligentes e hmmmm... MENOS primitivos que os caras da banda do release.

Falando de música agora. Eles acabaram de lançar o EP "Sex Pack"(baixe aqui) que é encabeçado pelo mega-hit "Out of Her House" (que eu julgo ser sobre sexo). Imagine Franz Ferdinand misturado com as melhores guitarras que os Libertines fizeram (sim, elas existiram) e tudo isso feito aqui meu povo, em Terra Brasilis. Ouça "Out of Her House" aqui embaixo e me digam se não tenho razão.




E com vocês, MILOCOVIK:

Head - Como é o processo de criação do Milocovik?
Milocovik - Na maioria das vezes, um ou mais "milocos" chegam com uma inspiração inicial: Uma linha melódica, um groove, enfim, a essência da música. Algumas vezes é só uma semente, outras vezes é uma coisa mais completa. A partir daí, começamos a experimentar arranjos, tempos e a música vem vindo. O conceito da letra vai aparecendo junto no processo, porém, a sua composição costuma ser a etapa final... ou não.


Shoulders - Quais seus artistas favoritos e como eles influenciam na música de vocês?
Milocovik - Poxa... Gostamos de Beatles, de música de gente doida, de rock com pegada dançante, várias bandas indie, etc. Além do campo musical, também somos influenciados por vários artistas de toda cena urbana: ilustradores, galera da moda, designers, artistas da rua... Isso afeta na nossa criação musical e na criação do estilo visual e conceitual da banda, por exemplo.


Knees - Como vocês divulgam o trabalho da banda?
Milocovik - É assim: Aproveitando esse espaço incrível, a gente gostaria de deixar o nosso Myspace aonde você pode conferir nossa agenda de shows e, até, baixar gratuitamente o nosso novo EP! Digita aí: www.myspace.com/milocovik ou www.milocovik.com


Toes - Qual a melhor e a pior parte de se ter uma banda?
Milocovik - Melhor: É ter uma banda: criar, tocar ao vivo, beber e conhecer gente!
Pior: Ué, ensaiar, claro...rsrs... mas a gente aguenta... rsrss

Bonus Round - Hot Chip ou Elliot Smith?
Milocovik - Hot Chip! ;)

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Head, Shoulders, Knees and Toes # 4 - BONDE DO ROLÊ


Bonde do Rolê (por Manuel Nogueira)



Tenho uma amiga, Maíra Mee, que é extremamente dedicada à música. Como eu, viajou para o exterior apenas para ver shows e conhecer bandas.

Em janeiro de 98 em Londres, naqueles encontros inexplicáveis do destino, nos cruzamos na frente do Astoria na entrada de um show do Super Furry Animals. Eu já voltando pro Brasil e ela recém chegada.

Conversamos sobre as bandas que estávamos ouvindo, e entre outras dicas, eu recomendei o “Barafundle” do Gorky’s Zygotic Mynci. Um dos melhores discos de 97 e que ouço até hoje.

Ainda naquele ano, ao conversar com o guitarrista do Gorky’s no fim de um show, ela descobre que o único site da banda existente naquela época tinha sido feito por um brasileiro que morava no Rio de Janeiro. Um tal de Rodrigo.

Claro que ela entrou em contato com ele e o apelidou de Rodrigo Gorky, por motivos óbvios. E eu acabei sendo o André Gorky por ter apresentado a ela sua nova banda favorita. Mas meu apelido não pegou, e não é agora que eu vou usá-lo(embora eu e o Rodrigo sejamos “rechonchudamente” parecidos).

Quando conheci o Rodrigo ao vivo, ele era mais um nerd musical como nós e falava apaixonadamente sobre as bandas que gostava . Nunca fomos próximos, porém sempre mantivemos contato.


Gorky - Good Vibrations Mode


Por isso, eu posso falar abertamente: eu NUNCA gostei de Bonde do Rolê.
Não vejo graça em funk carioca, não gosto de palavrões em letra de música e nunca entendi como o Rodrigo poderia fazer aquele tipo de música.

Porém, ano passado, ele me convidou pra ver um show deles no Coachella e eu fiquei chocado com o que eu vi. O set deles coincidia com o do MGMT (abril de 2008 – começo do hype deles) e a tenda do Bonde estava tão ou mais cheia que a concorrente. A energia que a banda passa é quase palpável, os gringos não param de dançar um minuto, e eles CANTAM também (soltah ow thrangow meegna gentchi).

Naquele momento então, eu entendi que eles não fazem o tão execrado funk carioca, eles fazem música POP e são uma FEEL-GOOD band ao vivo. Você quer estar ali, você vibra o show inteiro porque você vê o tesão com que eles cantam. Dos vários shows que vi naquele fim de semana, talvez uns dois ou três tenham tido essa mesma vibe.

Rodrigo que é tão calado e na dele, entrou na onda das então recém-contratadas vocalistas (era a primeira tour com o novo line-up), que estavam orgulhosas de estar ali e isso faz toda a diferença. Pedro agradece a animação da platéia e você vê que ele está radiante pela experiência.


Hoje em dia me pego clicando conscientemente na pasta do With Lasers e ouvindo os hits e mais, já me peguei dançando animadamente ao som de um remix de Marina Gasolina no Vegas. Quem diria, hein?
Você pode não gostar de Bonde do Rolê, nem ter vontade de escuta-los, mas saiba que apesar de todas as críticas que eles recebem, eles já fizeram história e eu prefiro que os gringos imaginem que nós somos animados e de bem com a vida do que uma banda de indie-shoegazers losers, ou ainda um medalhão qualquer da MPB ou da Bossa Nova.

Com o segundo disco deles saindo no segundo semestre, com produção de Edu K, Fredi da Comunidade Nin-Jitsu e João Brasil, é só torcer pra que a feel-good vibe deles ainda dure por anos.
E nesta sexta 19/06 no Studio SP, você vai ter a rara chance de vê-los ao vivo e sentir isso que eu contei aí.
Com vocês, Bonde do Rolê:

Head - Como é o processo de criação do Bonde?
Bonde do Rolê - Depende de qual parte, normalmente ou se tem uma música ou uma letra.
Geralmente as letras vêm de coisas que achamos engraçadas ou divertidas pra cantarmos e as músicas vêm de dentro do nosso coração (minha coleção de discos), da nossa alma (talento nato pra pilantragem), com o fator sorte embutido. O processo está sendo mais coletivo hoje em dia porque antigamente cada um fazia algo.

Shoulders - Quais seus artistas favoritos e como eles influenciam na música de vocês?
Bonde do Rolê – São muitos, mas muita coisa que gosto e admiro no fim não tem nada a ver com o Bonde. Por exemplo, é difícil eu conseguir traçar semelhanças entre a gente e os Beach Boys.
Mas já pro Bonde, temos algumas pessoas/bandas que nos espelhamos bastante e que ajudaram a gente a fazer o que fazemos. Como o Jason Forrest com os cut & paste dele transformando samples cafonas em músicas novas incríveis. Daft Punk fazendo uma música inteira com um samplezinho só. Comunidade Nin-Jitsu pela irreverência desde o começo da banda e os Beastie Boys pelo mesmo motivo

Knees - Como vocês divulgam o trabalho da banda?
Bonde do Rolê - No começo era tudo na base da amizade, manda mp3 pra um amigo aqui, outro ali. Depois decidimos por no myspace, e foi assim. As pessoas foram aparecendo. Acho que no fundo, nunca fomos muito bons com divulgação não. Foi muito mais uma coisa de fazer a coisa certa, na hora certa e no lugar mais improvável possível (Curitiba).

O management que todos imaginam que uma banda com selo tem, funciona muito mais para lidar com os pepinos que você não quer lidar. Hoje em dia, papel de manager tá caindo, é tudo bem mais fácil de se fazer. Se você tiver um advogado de confiança e uma paciência de ouro, você não precisa de manager.

A nossa divulgação oficial, na verdade, quem faz é a Domino e a Mad Decent. E a gente, no Twitter, no Orkut.e no Myspace.

Toes - Qual a melhor e a pior parte de se ter uma banda?
Bonde do Rolê – A melhor parte é a chance de viajar o mundo e fazer dinheiro com o que gosta.
A pior parte são as viagens - digo, enfrentar voos com escalas de 26 horas pra Austrália, vans que demoram 10 horas pra chegar.

Bonus Round - Hot Chip ou Elliot Smith?
Bonde do Rolê - Hot Chip. Nunca fui muito com o Elliot Smith não. Pra dizer a verdade, são poucas coisas que eu gosto do Elliot Smith. E vamos combinar que o Arthur Russell é bem mais bafo.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

DATA FIRST BASE


Brats Beat the Charts


A parceria do Database com o French Horn Rebellion e remixado pelo Hey Champ, não poderia ter tido mais sucesso. É simplesmente a número 1 em popularidade no Hype Machine. Você leu certo, número UM, ONE, UNO, etc. Duvida? Olha aqui.

Os americanos do French Horn Rebellion, que você teve a chance de assistir na Festa De 1 Ano da Funhell em março desse ano, produziram junto com o Database a faixa Beaches and Friends. Eles decidiram primeiro lançar o ótimo remix feito pelos rapazes do Hey Champ. Beaches and Friends será lançada logo mais em sua versão original e ainda em um outro remix, agora feito pelos Twelves. Single do ano, anyone?

Só pra você ter uma idéia do tamanho desse feito, aqui estão alguns dos outros nomes na parada, ABAIXO do Database que fique bem claro: Girl Talk, Klaxons e Orbital.


Dressed For Success


A "parada" do Hype Machine funciona assim, você faz a sua busca pelo título da faixa ou pelo nome do artista, você chega nos resultados, escolhe a faixa, que você pode ouvir no próprio site ou se quiser baixá-la você clica em Read full post... que te direciona ao blog onde a faixa foi postada e daí é só baixar por lá.

Pra manter o Database mais um tempinho no topo, é só fazer o registro no site: clique em Create Account, preencha o formulário e pronto, você já pode clicar no coração do lado direito da música e mostrar todo os seu amor ao Yuri e ao Lucio.

Well done, brats!!!

Head, Shoulders, Knees and Toes # 3 - CLICK BOX


Pedro Turra e Marco AS


Janeiro de 2008, a banda que eu tinha já tava indo por água abaixo e eu bem chateado resolvo apertar aquele botão que começa com a letra F. Eu tinha 3 synths, 2 baixos e 2 drum machines na época. Coloquei tudo à venda. Entre esses synths, havia um especial chamado Roland Juno 60. Ele é meio sonho de consumo no mercado vintage, mas cada vez que eu olhava pra ele, só lembrava dos ensaios sem sucesso da banda prestes a acabar.

Ao colocá-lo à venda, recebo um email no mesmo dia já querendo fechar a negociação. Fechei. E no dia seguinte aparecem o Pedro e o Marco aqui em casa para retirá-lo. Ambos com aparência bem familiar, daquelas pessoas que você já viu por aí com uma certa frequência. Ficou por isso mesmo.





Mantivemos contato pra checar se o synth tava funcionando numa boa e num desses emails eles me falam do Myspace do Click Box, projeto musical deles. Ouvi com atenção e fiquei impressionado com a qualidade das produções.

Tive que escrever o post abaixo pra preparar o terreno pras minhas opiniões sobre esses dois.

Eles estão num nível acima de tudo o que é feito por aqui, não é à toa que eles ficam mais tempo excursionando lá fora do que tocando em São Paulo. Não dá pra dizer que o som deles é inovador ou revolucionário e nem deve ser isso que eles planejam.
Mas pra mim, a música deles é tão sólida e profissional que eu fico impressionado.

Criar uma identidade musical na música eletrônica talvez seja o maior desafio de qualquer produtor. Por exemplo, você reconhece de cara quando uma música é do Orbital, do Aphex Twin, ou, até exagerando um pouco, do Laurent Garnier. O Click Box já está mais de meio caminho andado nesse processo. Motivo de orgulho mesmo.

Mesmo que techno não seja seu tipo de música preferido, dá uma olhada no Myspace dos caras, é impossível não perceber o refinamento das faixas. Ouça a chic, elegante e minha favorita The Frail:



Tenho a ligeira impressão que eles me acham meio idiota por ter vendido o citado synth pra eles (vide resposta abaixo), porém, eu fico feliz que eles o estejam usando pra fazer coisas tão boas.

Com vocês, Click Box:

Head - Como é o processo de criação do Clickbox?
Click Box - Vamos gravando várias ideias, sem pensar muito, tem que ser natural. Nosso processo é bem cru, apesar de sermos um projeto de techno, gostamos de soar como um power trio, vamos gravando e depois decidimos o que nos diverte.


Shoulders - Quais seus artistas favoritos e como eles influenciam na música de vocês?
Click Box - Gostamos muito de Depeche Mode, Kraftwerk, Nine Inch Nails, New Order, Fad Gadget, entre muitos outros. Esses artistas fazem parte de nossa escola musical, a sonoridade deles influenciou muito em nossa estética, a maneira como gostamos que um sintetizador ou uma bateria eletronica soe.


Knees - Como vocês divulgam o trabalho da banda?
Click Box - Gostamos muito do Myspace , temos também nosso site,
www.clickboxlive.com e a nossa gravadora faz o resto:-)


Toes - Qual a melhor e a pior parte de se ter uma banda?
Click Box - A melhor parte é a diversão, poder tocar e divertir as pessoas com a nossa música, a pior parte é ficar horas preso no aeroporto:-)

Bonus Round - Hot Chip ou Elliot Smith?
Click Box - Roland Juno 60!!!!!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Clean Up Your Drawers

Post rápido. Procurando uns mp3s pra mandar para o deprimido João Flávio, acho essa pérola perdida aqui no HD - The Whip - Divebomb. Julio Carvalho tinha me mandado há meses e me assegurado que era bem melhor que o primeiro hit deles, Trash. Concordo e tô de joelhos.

Kids, limpem suas gavetas e suas pastas de mp3. AGORA.

Mea Techno Culpa



Escrevendo a Head, Shoulders, Knees and Toes que vou postar amanhã, várias questões me vieram à cabeça e se eu fosse escrevê-las no post ele iria ficar gigante (jura, André?). Pra muitos da minha geração (tenho 30) e os um pouco mais velhos, música feita em computadores ainda é palavrão.
Não sou nenhum expert em música eletrônica (rótulo banal, porém auto-explicativo). Me confundo muito com o que é tech-house, minimal e simplesmente techno. Quando acho que estou aprendendo, meu amigo tech-head Lallo me aparece com nomes como: microhouse, fidget, wonky techno etc. Então, desisti. Saio, danço e é isso aí.

Porém, ao fazer uma pesquisa pra escrever esse post, descobri que sou um conhecedor avançadinho de Proto-Techno (os nomes ficam cada vez melhores). Coincidentemente os entrevistados de amanhã citam esse tal de Proto-Techno como uma das definições do seu som. Mas isso fica só pra amanhã.


Ela tem mais potencial que a La Roux



O que eu pretendo com esse post é um questionamento sobre a relevância da música eletrônica como forma de arte e por mais imbecil que isso soe, como música mesmo.
Quem conhece o Ableton, o Reason ou até mesmo o Fruity Loops sabe que qualquer um com o mínimo de senso musical pode fazer música eletrônica. Quantos "truqueiros" eu não ouço por aí todo dia, essas músicas da 97FM e esses remixes de qualidade bem duvidosa que pipocam pela rede.

Como tudo tem seu outro lado, existem os gênios, os talentosos e os inovadores.
Vou começar pela pioneira master: Delia Derbyshire.


Kraftwerk pioneiros? Hahah


Se puder, assista ao programa The Alchemists of Sound em todas as suas partes. Postei a 2a porque é onde a Delia aparece "criando" uma música. Ela fez a trilha da série de ficção científica Dr Who no distante ano de 1963 e essa faixa é considerada por muitos a primeira música eletrônica já feita.

Tenho que citar o Orbital também. Na minha opinião eles foram os pioneiros em aproximar o techno de pista pra uma música mais pop sem perder a qualidade, antes mesmo dos Chemical Brothers (que ficaram bem mais famosos). Se você ouvir Chime e não se emocionar, pare de ler esse post agora.

Eles ainda podem ser considerados os pioneiros dos mash-ups, tocavam a intro de You Give Love a Bad Name do Bon Jovi em uma das suas músicas ao vivo (não lembro qual, alguém sabe?). E mais, eram GIGANTES nas apresentações. Assisti a uns 3 ou 4 shows deles e estão fácil no meu Top 10 de shows da vida.



Gênios



Atualmente, a divisão do que é só eletrônico ou só rock está praticamente impossível de ser feita. M83, Ladytron, LCD Soundsystem, Cut Copy e mais uma lista infindável, nos escancaram que essa divisão acabou há tempos. Tenho dificuldade hoje em dia de saber se o que eu julgo ser uma guitarra com efeitos, não é na verdade um synth bem feito. E no fim das contas, quem se importa?
Tudo se fundiu e tudo se completou. E, WOW, isso é o máximo.
Se você ainda duvida que música eletrônica é arte e música de verdade: Desista! O objeto da sua dúvida nem existe mais.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Head, Shoulders, Knees and Toes # 2 - SUBBURBIA


Mel, Sid, E1000, Ozz e Naomi


Conheci o Subburbia quando abri o perfil do DDR na FiberOnline. A faixa deles Soul Sister estava entre os Top 10 downloads da semana e resolvi ouvir. A música começa assim:
"It looks like we've made it, but it sucks when we get it..." e me permitam a tradução livre - "Parece que a gente conseguiu, mas é uma droga quando a gente consegue...".

Esse sentimento aí eu conheço bem (acho que não só eu), até escrevi algo parecido em Archers do DDR: "Conquests can build an Empire, but your own ain't gonna set you on fire...". Me permitam a tradução de novo: "Conquistas constroem um Império, mas as suas não te empolgam..."
Por narcisismo puro, me identifiquei com os caras de imediato.

Mas voltando a falar de Soul Sister, ela é extremamente empolgante e daquelas músicas pop que grudam de cara. Eles dizem no release que essa música pode te lembrar o funk-metal do Faith No More mas eu preciso adicionar que ao ouvir a música a gente percebe detalhes extras que já os colocam num patamar acima das produções nacionais: backing vocals e métrica da letra precisamente colocados pra fazer a música crescer, ficar dançante até chegar ao ápice que você quer sair dançando desesperado por aí.


Violent Dancers



Eles acabam de lançar um EP de remixes e até criaram um infomercial que ensina como fazer uma capa pro CD. O Gossip está usando essa estratégia também pro lançamento do disco novo.
Visitem o Myspace, baixem o EP, façam a capinha e dancem ao som dos Curitibanos (se preparem para uma avalanche de bandas curitibanas nesse blog).
Com vocês, Subburbia:

Head – Como é o processo de criação do Subburbia?
Subburbia - Violento e doloroso, é assim que a gente gosta.

Shoulders - Quais seus artistas favoritos e como eles influenciam na música de vocês?
Subburbia - Hummm, pra ficar só na música acho que Prince, Corgan, Chuck D, Courtney Love, Carl Barat, Gary Numan, Pet Shop Boys, Robert Smith, Dave Gahan, Dr Dre, Pharrell Williams. E de novo temos ouvido (principalmente nas viagens) o Baddies, Joy Formidable, Marmaduke Duke, Empire of the Sun, também os novos do Jack Penate e da Bat For Lashes. Quando se tem 5 pessoas numa banda as influências sempre são extremas.

Knees – Como vocês divulgam o trabalho da banda?
Subburbia - A melhor forma de divulgar uma banda é ter um trabalho legal,né? Depois disso o de de sempre, internet, bons shows...

Toes – Qual a melhor e a pior parte de se ter uma banda?
Subburbia - Apesar de tudo de trash que acontece com uma banda não conseguimos ver um lado ruim não. This is what we do.

Bonus Round – Hot Chip ou Elliot Smith?
Subburbia - Essa é facil, pra gente seria mais dificil se fosse Blondie vs Gwen, Cassiano vs Hyldon, Corgan vs Prince. Apesar de adorarmos o Hot Chip, o Elliot é (ou foi) um dos maiores compositores do nosso tempo.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Synths da Caverna



Fiz esse post primeiro no Noise and Silence mas acho válido colocar aqui também. Há uns dois meses, recebi a visita de alguns amigos aqui em casa e fizemos uma grande troca de arquivos (God Bless os HDs externos).
40 GB depois, você consegue chegar a conclusão frustrante que manter-se atualizado musicalmente é uma tarefa dura.
Myspaces, HypeMachine, Blogs de download, etc... é praticamente impossível conhecer TUDO.
Nesse grande exchange de arquivos estava o COLD CAVE. Maurício que me mostrou e serei eternamente grato a ele.

Quando ouvi "The Trees Grew Emotions And Died" pela primeira vez (nome genial by the way), tirei sarro do synth com timbre brega, bem EuroDance. Entretanto, uns 20 segs depois você percebe que é proposital, eles realmente estão tirando sarro dos timbres clichê que todo mundo está revisitando ultimamente (Empire of the Sun é o maior exemplo disso). Além disso eles destroçaram a melodia e no meio da música entra uma guitarra (será?) tão barulhenta que Kevin Shields invejaria. Enfim, coisa genial mesmo.
Você pode ouvir a música aí citada aqui embaixo (não, ela não tem 8 minutos como aparece lá):




E como sou bonzinho, você pode baixar os dois EPs deles nesse link (só uma ressalva, o segundo EP é praticamente não-música). Pelo que vi no Myspace, acabaram de lançar uma CD com esses dois EPs e outras faixas.

Hype Me Up


DDRs: André, Ricardo e Fábio
fotos por Vitor Pavao



No primeiro post/manifesto deste blog, eu disse que o objetivo inicial era divulgar bandas que eu acho legais, isso dito, não posso esquecer da minha.

Escrever um blog já é esnobe demais pra mim, então falar sobre o DDR aqui eu juro que passo. Mas dá uma lida nessa entrevista nossa no blog Let's Glow no site da MTV e tire suas próprias conclusões.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Head, Shoulders, Knees and Toes # 1 - DATABASE


Yuri e Lucio


Conheci o Lucio do Database de uma maneira bem peculiar. Depois da festa de aniversário do Hell's ano passado convidei um pessoal pra "continuar" a celebração aqui em casa. Das 15 pessoas que vieram, eu (o dono da casa) devia conhecer umas 4 ou 5, mas de cara já simpatizei com o moço.
Papo vai, papo vem e a gente descobre vários gostos musicais em comum. Ele me diz que tem um projeto eletrônico com um amigo (Yuri Chix - a outra metade da dupla) e me mostra o Myspace deles.
Eu tinha voltado há pouco do Coachella e ainda estava impressionado com o show do Justice lá e de repente esse pirralho despretensioso me mostra, como se nada estivesse acontecendo, o remix que eles fizeram pra "Both Gotta Move On" do Scenario Rock. Meu queixo caiu. Aquilo era MELHOR que Justice. Música do ANO. Quando ele me mostra o re-edit de "Turn Your Love Around" do George Benson (!!!) eu já tinha virado paga-pau.
Eles acabam de lançar o Vol. 2 dos Re-Edits, que confesso ainda não ouvi. Baixe o Vol.1 o Vol.2 e o que mais vocês acharem. Então é isso, com vocês, DATABASE.


Party People


HEAD - Como é o processo de criação do Database?
Database - É segredo, hehehe.

SHOULDERS - Quais seus artistas favoritos e como eles influenciam na música de vocês?
Database - Artistas? pode ser vertente? porque é muita coisa, hehehe.
Somos influenciados obviamente pela disco e pelo French House - DaftPunk, Alex Gopher, Thomas Bangalter, Justice, Play Paul, Fred Falke, Dj Sneak, Mr. Oizo, Laquer, Lifelike, Benjamin Diamond, etc.

KNEES - Como vocês divulgam o trabalho do projeto?
Database - Criamos um mailing com blogs, jornalistas e etc.

TOES - Qual é a melhor e a pior parte de se ter uma banda?
Database - Pior parte não tem, só existem partes boas.

BONUS ROUND - Hot Chip ou Elliot Smith?
Database - Hot Chip com certeza, do pop ao techno.

Estréia Hoje - Coluna


Coluna: Head, Shoulders, Knees and Toes


Estréia da coluna Head, Shoulders, Knees and Toes não poderia ser melhor. Os meninos do Database foram os mais ágeis em responder meu convite e por isso têm a honra de inaugurar essa sessão do blog.
Pra quem não conhece, Head, Shoulders, Knees and Toes é uma daquelas musiquinhas educativas que a gente aprende na pré-escola. Essa especificamente ensina as partes do corpo (Cabeça, Ombros, Joelhos e Dedos do Pé). Existe uma versão em português também. Se você não se recordar, dá uma olhada aqui.

São só 4 perguntas, a primeira sobre o processo de criação (Head), a segunda sobre o background musical dos entrevistados (Shoulders), a terceira sobre como a banda trabalha a divulgação no impulso em direção à fama (Knees) e a pergunta pé no chão (Toes) sobre o lado bom e o ruim de se ter uma banda.
Além das 4 perguntas que dão nome à coluna, fiz questão de adicionar uma extra que chamei de Bonus Round.

Tudo começou quando Felipe Gutierrez entrevistou Stephanie Toth para sua coluna Não é Carne Nem Peixe no blog Dominódromo. Pra quem não conhece a Stephanie, ela é um jovem talento do chamado folk. Ela começou a tocar um cover de "Ready for the Floor" do Hot Chip nos seus shows e o Felipe, em sua insanidade peculiar, fez a seguinte pergunta: Hot Chip ou Elliot Smith?


Hot Chip ou Elliot Smith?


Elliot Smith era considerado um talento brilhante do folk e se matou com duas facadas no peito com apenas 34 anos (o sofrimento que ele relatava nas letras era real mesmo). Era um pouco óbvio prever que Stephanie responderia Elliot Smith, mas ela emendou a resposta: "Não acredito que você me perguntou isso."


Elliot Smith



Essa entrevista virou piada interna entre amigos e quando o Felipe convidou o Dark Disko Republik pra participar da mesma coluna, eu o OBRIGUEI a fazer essa pergunta pra mim.
Em homenagem ao Felipe pela insanidade da pergunta, pela surpresa da entrevistada ao respondê-la e também pelo semi-mito que essa pergunta se tornou, quero saber a resposta dos participantes dessa coluna à tal intrigante questão.

domingo, 7 de junho de 2009

São Paulo Metrópole Mundial?


O mais empolgante de viver os dias de hoje é saber que as distâncias estão cada vez menores. Eu sei que é nada criativo dizer isso mas além de diminuir as distâncias, que nós que vivemos na periferia do mundo tínhamos, o contrário também acontece.

Sempre que viajo, eu percebo que cada vez mais as pessoas sabem sobre o Brasil e principalmente São Paulo. O tempo da imagem de selva e bananas parece estar mais distante. Não significa que realmente somos relevantes no cenário mundial mas posso dizer que somos menos irrelevantes.

Se formos falar de música e vida noturna, dá pra citar o CSS que escancarou São Paulo pro mundo, as coletâneas lançadas lá fora: São Paulo Não Wave e The Sexual Life of the Savages resenhadas e muito elogiadas pela Pitchfork, clubes como o D-Edge repetidas vezes entre os melhores do mundo pelas revistas especializadas, Gui Boratto sendo respeitado e elogiado como um dos melhores produtores de música eletrônica da atualidade e eu poderia continuar e continuar.

Mas a constatação irrefutável disso eu tive mesmo hoje, quando um amigo dos EUA me manda esse link. São Paulo ícone pop.
Pena que custa 60 euros.

PS. Sem contar o documentário do amigo Dácio Pinheiro sobre Cláudia Wonder, "Meu Amigo Cláudia", que vai ser lançado no fim do mês em São Francisco.

Music Television For the Masses


Originalmente postado aqui


Embora o título sugira algo relacionado com a MTV, isso não é 100% verdade.
Mas já que citei a MTV, vou contar a minha história de paixão e sem exagero, gratidão com o canal 25 da Net, era 32 no UHF, lembram disso?

O final dos 80 e começo dos 90 era uma época estranha, Technotronic reiventava a dance music, New Kids on The Block eram adorados como deuses, Metallica era popular entre os mais rebeldes da escola, enfim... pensando bem é só mudar os nomes (Beyoncé, NX Zero e qual é mesmo a banda pesada/rebelde famosa desses dias? Paramore?) e o panorama é o mesmo em qualquer época.

Tinha 12 anos em outubro de 1990 (lançamento da MTV Brasil) e nunca tinha ido à Disney mas queria muito ir, não pelos parques, porque tinha e ainda tenho medo de praticamente todas as atrações disponíveis, mas queria ir pra conhecer essa tal de MTV (lembro que uma amiga ao voltar da Disney no ano anterior, havia trazido 20 fitas VHS de clipes gravados na MTV do hotel).

Para os mais jovens daquela época, a empolgação que vinha junto com a ideia de se ter um canal de clipes pode ser comparada ao frisson causado pelo Ipod quando foi lançado.



Não tive MTV no primeiro ano , era preciso comprar uma antena UHF ou sintonizar pelo videocassete, aparelho esse que meu pai se orgulhava de ter sido pioneiro em comprar já em 86, mas que pelo mesmo motivo não funcionava mais.

Em um dia qualquer de 1991, meu pai conseguiu um tempo pra comprar e instalar a tal antena e enfim FEZ-SE A LUZ.

Meu primeiro vídeo na MTV de casa (já assistia na casa dos amigos com pais menos preguiçosos) foi "Suck My Kiss" do Red Hot Chilli Peppers. Vídeo esse que é filmado em tons marrons e que fez meu pai reclamar que a antena havia estragado a TV. Sim, A TV, uma TV por casa, isso já existiu. Hoje eu moro sozinho e tenho 2, vai entender.

Fazíamos reuniões em casa para ver clipes, assistir ao Disk MTV era sagrado, no caminho da escola pra casa apostávamos se o Bryan Adams ainda estaria em primeiro ou se seria superado pelo Extreme. Listas e rankings musicais são sempre inúteis mas eu sempre AMEI listas. E no fim de semana você ainda acompanhava o Top Ten USA e o Top Ten Europa (o primeiro dominado por aqueles R'n'Bs melosos e sem graça e o segundo com o que até hoje domina as casas noturnas mais populares: música eletrônica de má qualidade, na época chamava Eurodance, hoje chama-se ________ - você completa, não quero arrumar confusão com ninguém).

No meio dos clipes mais populares sempre aparecia um meio estranho à primeira vista, um povo com um cabelo diferente, uma música com sons estranhos e andamento diferente. Lembro que um dos primeiros clipes que me deixaram com uma cara de interrogação foi o de Caravan do Inspiral Carpets. Era tão diferente de tudo o que a gente ouvia que eu queria mostrar pra todo mundo e um dia ao mostrar pra minha irmã ela responde nada empolgada: "André, isso parece Roberto Carlos!".


INSPIRAL CARPETS
cortes de cabelo geniais


Hoje concordo com ela, os teclados do Roberto Carlos eram super modernos nos 60's e os dos Carpets eram super retrô pros 90's (já ouviu algum papo parecido assim antes?).

Depois veio a fase Dance Music com Crystal Waters, MC Hammer e claro o Technotronic (claro que havia os mais obscuros e consequentemente mais legais, mas um dia eu volto a isso).
Da fase Dance pro Metal, tinha aquele programa do Gastão de 3a à noite , "Fúria Metal", que era o papo de toda aula de educação física na 4a de manhã.
Música que a gente nem gostava tanto, mas por ser tão estranha E bizarra E diferente E RUIM, claro que os teens menos adequados tinham que adorar. Nomes GENIAIS como Pungent Stench, Carcass e um dos meus favoritos EVER (o nome, não a banda) Cannibal Corpse. Era o ápice da rebeldia pra quem tinha 14 anos. Adolescentes são idiotas, não? (eu incluído).


Capa do PUNGENT STENCH
exemplo de bom gosto


Nessa mesma época 93/94 começou a passar uns clipes meio diferentes demais, com caras afeminados demais, com melodias doces demais. Era o nascimento do que viria a ser o (idiotamente) chamado britpop. Minhas melhores amigas amavam Suede, mas como eu que ouvia o mais sujo METAL do universo, poderia cair no charme das reboladas de Brett Anderson? Ou ainda cantar junto com os Lemonheads na absurdamente perfeita Into Your Arms (americanos, eu sei, mas apareceram na mesma época)? Dançar a besteira feliz que é "Girls And Boys" do Blur?Era demais pra mim. Apenas mais um conflito adolescente.


BRETT ANDERSON
exemplo de masculinidade


Até que em um domingo à noite no fim de 1993 (eu tinha pegado catapora e fiquei 40 dias em casa, por isso consigo ser tão preciso), a luz se fez de novo, agora BEM mais intensa. Como não ia acordar cedo pra ir pra escola, fiquei vendo MTV até tarde, quando de repente, um cara estranho começa a apresentar um programa mais estranho ainda com uma abertura feia pra diabo (acho que era aquela do caranguejo).

Fábio Massari era o cara e Lado B era o programa, e justo naquele dia estreava Cannonball das Breeders. Todos já devem ter sentido esse clique ao ouvir uma música em especial, seja ela qual for, de que ritmo for, mas aquela música que ao ouvir , você sabe que sua vida mudou pra sempre. Essa foi a minha. Aquele baixo na introdução é o equivalente musical à cena da dança de Uma Thurman e John Travolta em Pulp Fiction. Há alguns anos não consigo mais ouvir essa música e ter a mesma sensação, mas a memória daquela primeira vez está lá.


BREEDERS
formação do Last Splash


Fiquei mais uns dias de molho em casa e logo que pude sair fui pro centro perto do Teatro Municipal onde tinha uma loja grande de disco, Museu do Disco se bem me lembro. Nada de achar Breeders. Nessa época o conceito de lançamento nacional, CD importado, single, EP, passava bem longe da minha jovem cabecinha.

Por acaso, voltando pra casa, entrei numa Galeria onde tinha umas lojas de CDs de rap principalmente. Já tava lá mesmo, decidi arriscar. O atendente rapper me olhou meio torto e me perguntou: "Esse negócio aí é rock? Se for, sobe a escada e vire a esquerda." Segui a recomendação e achei meu primeiro paraíso na Terra, a Velvet CDs. Lá, não só tinha o CD das Breeders mas também acabei descobrindo que a "moça" que cantava nessas Breeders aí, tinha tocado em outra banda antes, uns tais de Pixies, que vieram a ser uma das bandas da minha vida e de MUITA gente também.


PIXIES
ainda bem que a música fala mais alto que as roupas


Ciclo completo, você via os clipes na MTV domingo à noite, ia na Velvet e na Bizarre na segunda, ouvia e comprava ou encomendava se ainda não tivesse chegado, e pronto, era tão simples. Assim eu achava.


ANDRÉ FIORI da VELVET CDs


Nesses mesmos anos, existiam por aqui revistas muito legais: a Bizz, mesmo em declínio mas ainda relevante; a General, revista em que li uma matéria escrita pelo Camilo Rocha ou pelo Fernando Naporano sobre a New Wave of the New Wave (e você que achava que o rótulo New Rave era piada!) falando sobre o Elastica, Echobelly e Tiny Monroe na mesma matéria; e a Dynamite, que rola até hoje, começava a sair da temática 100% metal e abrindo portas pra Sonic Youth, Mudhoney e Oasis.

Quem viu Alta Fidelidade sabe do que eu vou falar agora, tardes e tardes numa loja de disco, conversando sobre os novos lançamentos, se o Damon do Blur tava mesmo namorando com a Justine do Elastica, nos questionávamos se o My Bloody Valentine ia lançar CD novo (2010, agora?) e nos estapeávamos quando chegava apenas UM single daquela banda nova capa da NME. Mesmo com um inglês sofrível, já tínhamos evoluído pras revistas internacionais: VOX, NME, Melody Maker, Smash Hits, Spin e etc.

André, Adriana e Gabriela na Velvet. Elaine, Farinha, Wendel e Urso na Bizarre. Cada dia passado lá era um aprendizado. E como diz o clichê: "O sábio é aquele que sabe que nada sabe." Eu e meus amigos praticamente morávamos lá.


CARLOS FARINHA da BIZARRE
aqui com Raquel Uendi


Esse texto pode soar saudosista, mas não é na verdade. Morro de inveja dos teens de hoje que ouvem falar de uma banda, digitam no HypeMachine e pegam os mp3s já disponíveis, entram no YouTube e mesmo que a banda não tenha clipe ainda, já dá pra ver uns vídeos ao vivo, o disco vaza sempre um mês antes no mínimo e já baixam ele em Torrent ou num file sharer como o Rapidshare e pronto, é tão simples. A simplicidade dos 00's. Um pouco diferente da dos 90's, mas naquela época, aquilo que hoje é tão simples e fácil era inconcebível.

Por motivos impossíveis de citar e enumerar aqui, a MTV perdeu importância e relevância no meio desse percurso todo. Triste, mas não adianta ficar chorando, agora é assim. Muitas mudanças ocorreram na tal TV musical nesses anos todos, afinal é uma empresa com fins lucrativos e pra tal precisa agradar quem está disposto a assistir programas que desafiam sua tolerância intelectual como o do Marcos Mion (o momento exato que o senso de humor do adolescente médio da minha geração mudou para a demência que eles presumem que os teens de hoje representam realmente está fora da minha compreensão).


O programa é de quinta porque tem esse nome, ou...


Quando a TV a cabo se tornou mais acessível e a maioria de nós conseguiu ter canais como Multishow e MTV Latino e agora os mais recentes MTV Hits e VH-1, um leque maior de opções se abriu. Além da bendita Internet e tudo mais. Não trabalho em TV, não sei da viabilidade ou não de uma TV ser lucrativa apenas com videoclipes e muito menos se elas (as TVs de música) vão continuar a existir. Pra que esperar o seu clipe favorito passar na MTV se você pode montar seu playlist no Youtube?

Não podemos dizer que a programação atual da MTV é ruim por completo. Penélope é genial nas tiradas com os teens no MTV NA RUA, tenho que confessar que acho o FURO MTV muito engraçado (questão de gosto) e claro o TOP TOP não pode ficar de fora, qualquer lista é válida.

Mas é inegável a importância e relevância que uma boa TV de MÚSICA ainda tem nos dias de hoje.

Quem nunca se cansou de todos os MP3s que tem levanta a mão? Às vezes é bom receber a informação ao invés de ir atrás dela, papel pessimamente desempenhado pelas rádios (aqui em SP pelo menos, com eventuais espamos como a Brasil 2000 e a Oi FM) e que foi quase anulado pelas TVs. OK, Beyoncé é legal também, mas precisa passar o clipe novo dela N FATORIAL vezes no mesmo dia? E se não for ela, vai ser a Britney, a Amy, a Kate Perry ou quem quer que esteja em voga naquela semana.


GLASVEGAS
clipe de Geraldine com chamada na programação
(um tanto atrasado mas tá lá)


Não dá pra dar a chance pros teens de hoje descobrir Glasvegas, White Lies, Yeah Yeah Yeahs, ou qualquer outra banda decente, num programa às 3 da tarde? A MTV lança clipes com um ano de atraso quase, eu sei que é impossível acompanhar a velocidade da Internet, mas pelo amor de Deus, "Gronlandic Edit" do Of Montreal é de 2006 e tá passando agora aqui.

MAS, o objetivo real desse texto GIGANTE é mostrar que ainda há esperança. Vou citar dois casos que aconteceram comigo no último mês: Brazilian Girls e Ebony Bones.

Numa dessas famosas madrugadas de insônia que você fica vendo MTV e lembra que tem tanta música boa nesse mundo e ela é transmitida pro Brasil inteiro às 4 da manhã, horário esse que se você não for um desempregado ou trabalhar num horário alternativo, você DEVERIA estar dormindo. Justo, música boa sempre foi pras elites mesmo. Nesse caso pros desempregados e pros garis. Bem, numa dessas madrugadas vi o clipe de Good Time do Brazilian Girls. PERFEIÇÃO POP.


BRAZILIAN GIRLS em NYC


Uma linha de baixo simples e empolgante, um vocal falado e com letra nonsense, backings que grudam na cabeça (eles parecem mais ingleses que americanos na verdade), ou seja, tudo o que uma grande música pop tem que ter. Lembro de ter ouvido falar desses Brazilian Girls antes (sim, esses, pois são dois caras e uma garota), mas não sei porque sempre os liguei ao electroclash ou funk e fiquei com preguiça de ir atrás. "Good Time" nem é nova, é de um disco do ano passado chamado New York City que por sinal é de onde eles vêm.

A segunda "descoberta" recente proporcionada pela TV foi a Ebony Bones num programa chamado SOUND no Multishow que passa às 10 da manhã de 6a feira, horário onde realmente a maioria de nós está em casa vendo TV. Pelo que eu vi, ela era uma atriz de uma novela na Inglaterra até que se cansou (as novelas lá duram décadas, estilo Malhação, elenco diferente mas a mesma novela) e resolveu fazer música.


EBONY BONES
senso de estilo apurado


AVISO IMPORTANTE: Se você se irrita com o som de cowbells ou qualquer outra percussão aguda, pare por aqui. Minha favorita, We Know All About You, é praticamente caótica e o título de Don't Fart With My Heart é no mínimo curioso. Ela abusa do conceito "música de festa" e das roupas coloridas e meio sem noção. Não acho que vá fazer muito sucesso, mas eu gostei bastante. Postei as 4 músicas que achei dela no HypeMachine e você pode baixar as 4 aqui.

De nada.

CENA MUSICAL 101




O que é uma cena musical?

Um amontoado de bandas diferentes como acontece atualmente? Um grupo de bandas que faz um som parecido, vide bandas de Seattle? Ou ainda, várias bandas supostamente inovadoras, com estilos diferentes, porém contemporâneas, como o Britpop e a tal New Rave?

Minha opinião é que uma cena musical existe quando várias bandas com propostas totalmente diferentes e fazendo música de qualidade surgem ao mesmo tempo e dividem espaço na mídia e nos ouvidos dos fãs.

Esse blog foi criado com o intuito de mostrar essa variedade e qualidade da cena musical atual, independente ou não, vanguardista ou não, inovadora ou não, porém bastante diversificada e na modesta opinião do autor deste blog, talvez a melhor e mais sólida que já tivemos aqui no Brasil.

Além de falar sobre bandas nacionais através de entrevistas, links, posts com opiniões pessoais e etc, pretendo mostrar o que existe de mais legal mundo afora.

Muito já foi dito e discutido sobre a indústria musical na era digital e acho que mais importante que questionar sua evolução, o melhor mesmo é usufruir de toda essa enxurrada de informações e fontes disponíveis.

Claro que não conheço tudo e todos, vou privilegiar os já conhecidos por mim.

Entretanto, se você conhecer alguma banda legal que ache que vale à pena divulgar, escreva um email, que eu ouvirei com atenção e postarei minhas impressões e a dos fãs.

Abraços.