terça-feira, 1 de setembro de 2009

Head, Shoulders, Knees and Toes # 9 - THE JUNKIE DOGS

The Junkie Dogs


Quando o DDR tocou na Casa de Criadores em Maio, nós três ficamos curiosos em saber quem seriam as outras bandas a tocar.

Pra nossa surpresa, das seis selecionadas, no mínimo três (além da gente, claro. haha) eram muito boas. Cada uma com uma proposta de som bem diferente uma da outra.

Foi assim que eu conheci The Junkie Dogs. Quatro rapazes de Belo Horizonte: Rafael Ludicanti (vocais/guitarra), Flávio Seethrough Jones (bateria - eu não entendi a piada com os sobrenomes, alguém pegou?), Marcos Braccini (baixo) e Marcos Sarieddine (teclados) me impressionaram de verdade.

Vou voltar um pouquinho no tempo pra explicar melhor.
Acho que todos nós temos algum disco que sempre nos traz ótimas lembranças, ou mais que isso ainda, são marcos na nossa vida. Um dos mais importantes pra mim é o "Switched On" do Stereolab.


"Switched ME On"



Comprei esse disco por recomendação da Elaine da Bizarre e ficou lá, lacrado no meu quarto por uns dias. Depois de um dia ruim, abri o tal CD e coloquei no discman (precisei colocar o link, caso alguém não lembre o que é).

Ele simplesmente começa com Super-Electric, que até hoje é uma das minhas músicas favoritas. E a sequência é arrebatadora, de tirar o fôlego. Perfeito.

Fui descobrir na minha próxima visita à loja, que esse disco era apenas uma coletânea de singles e não um álbum de verdade. Sou fanático por Stereolab desde então, embora essa última fase bossa-nova gringa não faça muito minha cabeça, eles sempre mantém um nível bom nos discos.

Depois disso fui aprender que eles na verdade adoravam as bandas progressivas alemãs (isso sôa feio pra diabo), ou puramente Krautrock. E bandas como o Neu!, Faust e Can entraram pra coleção também.



"O Post Não Era Sobre Nós?"



Ok, essa foi longa. E o quê os Junkie Dogs têm a ver com isso?

TUDO. Olha essa frase tirada da resposta Shoulder:

"Sempre quisemos que os Dogs soassem como algo entre Portishead, The Kinks, Can, Sonic Youth e Velvet Underground. Tudo acabou ficando diferente, mas ainda gostaríamos de ser o Neubauten."

BINGO! Viu o Can e o Neubaten lá?

Quando se ouve os Junkie Dogs pela primeira vez, você lembra de Interpol. O vocal é parecido, as guitarras são parecidas, a estética da banda (vide foto acima) é parecida.

Não menosprezando o Interpol, banda que eu gosto bastante, mas os Junkie Dogs vão além. Ouça Brain Damage e comprove. Perfeita. Atmosférica, pulsante, sensorial e praticamente palpável.

Li no release oficial deles a seguinte frase:

"As experiências e pesquisas sonoras realizadas pelos Junkie Dogs em suas composições são antes a afirmação de um estilo que se desenvolve por toda a história da contracultura pop, sempre à margem do mainstream. Ou será que não?"


Achei meio arrogante. Mas depois vi, que era isso mesmo. Haha. E PIOR ainda, eu penso sobre o DDR do mesmo jeito. Nós três tentamos fazer música que nos emocione e nos diga alguma coisa. Banda independente no Brasil e que não sôa pop é suicídio. Porém, ao ouvir uma música que você mesmo fez e poderia ter sido feita por qualquer um dos seus ídolos é a melhor realização que se possa ter.


Junkies Porém Limpinhos




Tenhos CERTEZA que os Junkie Dogs sentem o mesmo orgulho. Parabéns rapaziada!

E por favor, alguém pode marcar um show do DDR e dos Dogs em Belo Horizonte pra ontem? Hahah.

Veja a entrevista com a banda e visite o Myspace deles pra conferir as músicas. Aí está, então:


Head - Como é o processo de criação dos Junkie Dogs?
The Junkie Dogs - O Ludicanti faz as músicas durante as madrugadas de insônia alcoólica megalomaníacas dele. Em geral ele chega com os arranjos prontos, ou semiprontos, nos ensaios. Às vezes ele mesmo grava os instrumentos em casa e envia pela net pro resto da turma. Agora, de onde ele tira aqueles absurdos, ninguém faz idéia. Acho que nem ele entende algumas das coisas que fez.
Mas a banda toda contribui, e vários amigos são convidados a contribuir nas composições e nos arranjos. Muitas parcerias acontecem espontaneamente em jam sessions.


Shoulder - Quais seus artistas favoritos e como eles influenciam na música de vocês?
The Junkie Dogs - Estamos ouvindo “She’s Lost Control”, do Joy Division exatamente agora, ao responder essa pergunta. Acho que a atmosfera misteriosa e colapsada da música pode caracterizar bem o que os Junkie Dogs fazem.
Sempre quisemos que os Dogs soassem como algo entre Portishead, The Kinks, Can, Sonic Youth e Velvet Underground. Tudo acabou ficando diferente, mas ainda gostaríamos de ser o Neubauten.
Essas bandas são indomáveis, viscerais, selvagens. Fazem o que querem e como querem.


Knees - Como vocês divulgam o trabalho da banda?
The Junkie Dogs - Diretamente pelos shows, em geral. Mas acho que nosso comportamento obsceno e pouco sutil contribui pra divulgar o que há de melhor na banda.


Toes - Qual a melhor e a pior parte de se ter uma banda?
The Junkie Dogs - O melhor é a diversão. Saber que estamos fazendo o que queremos, e não menos.
O pior é ser pressionado pelo mercado pra sacrificar a beleza pelo dinheiro.

Bonus Round - Hot Chip ou Elliot Smith?
The Junkie Dogs - Hot Chip.

Nenhum comentário:

Postar um comentário