Citar os anos 80 é praticamente um crime hoje em dia. Quando vejo flyers de festas com o temido termo, faço questão de passar longe. Anos 80 nessas festas significa tocar "Enjoy the Silence", "Bizarre Love Triangle" e alguma pra cantar junto, bem alto, como "Voyage, Voyage", "Tainted Love" ou a mais temida de todas: "Sweet Dreams" (arrepios!!!).
Mas a tão surrada década sempre vai ser emblemática por trazer os sintetizadores pra música pop. Kraftwerk, Giorgio Moroder, o pessoal da Disco Music, todos já haviam usado, mas música pop de verdade, de ouvir na FM ou ver sua tia cantarolando junto, foi só nos 80's mesmo.
Quando o Human League lançou "Dare!" em 81, tomou a Inglaterra de assalto. "Don't You Want Me" foi o single mais vendido daquele ano, fora os outros chart-toppers.
Duran Duran, Pet Shop Boys, Depeche Mode, Erasure e New Order fizeram com que os teclados fossem tão comuns numa banda como a batida e velha guitarra.
Aqui no Brasil, por motivos óbvios (reserva de mercado, pouco acesso a discos importados e um certo ufanismo-só-MPB-é-música-de-verdade da época), os teclados ficaram tímidos na formação de algumas poucas bandas. A nossa "new wave" com Blitz, Metrô e mais umas duas ou três conseguiram emplacar sucessos com o uso de synths.
Nos anos 90, tecladistas em bandas de sucesso eram raros, ou melhor, praticamente um crime inafiançável.
Como tudo na música vêm e vai, no começo dos 2000 uma nova onda synthpop surgiu. Ladytron lançou discos históricos ("604" e "Light & Magic"), depois veio Cut Copy e depois Hot Chip e tudo se misturou. Sintetizadores estão em todo lugar: nos hits da Beyoncé, com o Kanye West e bandas mais recentes como o Franz Ferdinand se "renovam" ao colocar mais sons sintéticos nas suas músicas.
UFA. Agora posso falar do Stop Play Moon. Geanine Marques, Ricardo Athayde e Paulo Bega constróem suas faixas com muitos synths, batidas eletrônicas e uma guitarra e um baixo de vez em quando. O trio de São Paulo produz música que, se não for única, tem poucos pares por aqui.
Bem, tem um tal de Dark Disko Republik também, que fui informado, usam muitos synths.
A vocalista Geanine Marques fez carreira de sucesso como modelo e participou de outros projetos musicais da cena indie de São Paulo. Seu timbre é único e reconhecível de imediato, o que dá personalidade pra banda. O que me vem à cabeça quando os ouço é (só pra ilustrar): Róisin Murphy (Moloko), Fever Ray e The Knife.
Citam Cocteau Twins como influência e algumas musicas têm essa vibe "etérea" mesmo. Você pode ouvir 7 faixas no Myspace deles. Minha favorita disparado é The End.
Já tocaram na Europa, em festivais importantes daqui (MOTOMIX) e em várias cidades do país.
Som de exportação? Talvez. Então, aproveite enquanto eles ainda estão por aqui.
Abaixo está a entrevista com Paulo Bega, tecladista e guitarrista da banda:
Head - Como é o processo de criação do Stop Play Moon?
Stop Play Moon - Um pouco como Cocteau Twins... Correio, cartas, etc... e a maioria das vezes encontros maravilhosos de muita inspiração.
Shoulder - Quais seus artistas favoritos e como eles influenciam na música de vocês?
Stop Play Moon - Nossa! São muitos... a maioria pós-punk, mas muita coisa da velha guarda antes dos brinquedinhos eletrônicos.
Knees - Como vocês divulgam o trabalho da banda?
Stop Play Moon - Myspace, blogs, Facebook, telegrama... hahah.
Toes - Qual a melhor e a pior parte de se ter uma banda?
Stop Play Moon - A melhor é poder viajar, conhecer pessoas e todo resto que está envolvido... a pior no momento é carregar os equipamentos... mas normalmente é tudo sempre bem legal.
Bonus Round - Hot Chip ou Elliot Smith?
Stop Play Moon - Acho que os dois... ambos têm ótimas referências.
Sp Moon ♫★♥
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