sábado, 26 de setembro de 2009

Head, Shoulders, Knees and Toes # 11 - MULTIPLEX


Coube Tudo no Ipod?


Contei logo num dos primeiros posts desse blog sobre a Galeria de discos que eu frequentava e onde comecei a conhecer um pouco mais sobre música.

Na Galeria onde ficava a Bizarre e que ainda abriga a Velvet, havia um grupo de pessoas que frequentava assiduamente a procura de novidades.

Foi assim que conheci Leandro Cunha.

Fã de Manic Street Preachers, cara de poucos amigos e sempre acompanhado do seu melhor amigo Cláudio (hoje dono do Astronete).

Enquanto eu me deslumbrava com o surgimento do Oasis, do Elastica e com o lançamento do "Parklife" do Blur, ele falava sobre David Bowie, do "Holy Bible" dos Manics e de várias outras coisas que eu só fui gostar bem mais tarde.

Muitos discos ouvidos e comprados depois, ele decide montar uma banda. Teve algumas na verdade, até chegar ao Multiplex.



Multiplex 2009: Leandro Cunha e Bruno Palazzo

Foto: Max Superstar



Sua voz peculiar não é de fácil digestão e muitos odeiam a banda de cara por isso.

Pra variar, vou contar uma historinha antes de dar minha opinião sobre eles.

Li uma entrevista do Jarvis Cocker do Pulp uma vez onde ele dizia algo mais ou menos assim: "Descubra sua característica pessoal mais estranha e faça dela seu ponto forte."

Pra quem não lembra da cara do Jarvis, ele é uma figura bem alta, desengonçado, magro ao extremo e aparentemente gay. Olha ele aí embaixo:


Ícone dos 90's



O que ele fez? Só vestia roupas que o deixavam ainda mais magro e encarnou um personagem com gestos e trejeitos que confudiam a todos sobre sua sexualidade (ele não é gay, é casado com a editora da Vogue francesa ou algo parecido).

Pronto, criou-se uma personalidade única. Tá, David Bowie já tinha feito isso, os caras do Glam Rock também e a lista é continua e é longa.

Nas suas devidas proporções, vejo isso no Leandro. Ele assume seu look pouco comum com orgulho, não tem medo de escrever letras praticamente auto-biográficas e mostrar pra todos na música do Multiplex e mais, ele canta do jeito que ELE quer. Admiro muito ele por isso.

Quantas pessoas você conhece que tem a coragem de fazer as coisas do jeito que quer? No meu caso, bem poucas. Será que sou cercado de losers? Hahah.



Gravação Radiola

Foto: Max Superstar


Também estranhei o som da banda quando ouvi a primeira vez.
Mas as músicas são tão bem construídas, várias referências de toda a vasta bagagem musical dele (devo dizer que Leandro foi um dos amigos que mais me apresentou bandas antes desconhecidas pra mim) e o melhor de tudo, são canções POP de verdade.

Ouça "Particularidades" e "Compulsão" - eu insisto que sou EU o personagem principal dessa música.

Se a letra não grudar na sua cabeça depois da primeira audição, visite um otorrino imediatamente.

Estão na estrada há alguns anos e a formação atual é de um duo (Bruno Palazzo completa o line-up) e acabaram de lançar sua primeira faixa em inglês - "Born Again".

Quando juntei todas as músicas da banda (no site da Trama Virtual eles compilaram 10 delas num álbum digital chamado The Singles) percebi que eles têm na mão nada mais que 10 hits de verdade.



Baixe a Discografia



Num mundo imaginário, caso tívessemos singles de verdade lançados por aqui, eu me arrisco a dizer que TODAS, absolutamente TODAS poderiam ser A-sides.

Que banda brasileira que pode dizer isso? Me conta aí, porque eu não conheço.


Acabaram de participar do "10 Horas no Estúdio" do Programa Radiola e saíram de lá com a inédita "Aqueles Que Resistem".

Vários músicos convidados participam atualmente dos shows e das gravações, como você pode conferir no vídeo abaixo:



Aqueles Que Resistem 10 Horas



Acompanhe a entrevista com Leandro Cunha e descubra mais sobre o Multiplex:



Head - Como é o processo de criação do Multiplex?

Multiplex - Muito complexo, hahahaha. A banda não se chama Multiplex à toa; Filmes, tristezas da vida, drogas, amigos e todos os discos que a gente gosta são parte intrínseca do processo. Claro que toda essa complexidade acaba resultando em algo simples, como as nossas músicas são. "Marc Bolan was a very simple person with complex influences" - Simon Napier Bell. Muitas vezes eu tenho pesadelos e escrevo alguma coisa. As vezes elas começam como jams, e aí eu ponho música e letra em cima, ou o contrário... Não existe uma regra específica, e ultimamente estamos colaborando com outros artistas nesse processo, com músicos convidados ao vivo. Também tem o lance da nossa iconografia, que é uma coisa na qual eu penso muito.


Shoulders
- Quais seus artistas favoritos e como eles influenciam na música de vocês?

Multiplex - São muitas as bandas boas e que produzem boas músicas, mas acredito que as que mais influenciam são aquelas que transmitem todo um lance, uma atmosfera, elas praticamente te dão um mundo no qual viver. Tem a ver com escapismo, querer sair desse planeta cruel em que vivemos, imaginar um futuro com pessoas mais livres, mais felizes. Nesse sentido, posso dizer que o trabalho de gente como David Bowie, T.Rex, Secos & Molhados, Soft Cell, Iggy Pop, Damned, Suede, Velvet Underground, Roxy Music, Rick James, Ronaldo Resedá, David Sylvian, Kraftwerk e Walker Brothers me inspira muito. Também gosto de praticamente qualquer disco que tenha um negão ou uma negona na capa. Das coisas mais novas, muita coisa também. Tudo que apela pro exótico. Gosto de shock rock também, Alien Sex Fiend, Siouxsie and the Banshees, Marilyn Manson, Cramps. Tudo que incomodar o prefeito, as senhoras católicas, os crentes. Não posso esquecer de citar os Manic Street Preachers também, em discos como Holy Bible, por exemplo.


Knees - Como vocês divulgam o trabalho da banda?

Multiplex - Durante muito tempo usamos o fotolog, e isso foi bom pra gente. Depois começamos com o Orkut, mas aí eu já comecei a sentir uma preguiça profunda, todos esses roqueiros bonzinhos de Orkut me enojam. Acho que rock não é uma coisa pra gente tão boazinha e solícita. Agora priorizamos o Myspace, que é muito melhor. Quando tem show ou alguma coisa importante mandamos um mail coletivo pra nossa lista. Não é muita coisa, mas é melhor do que fazer nada. Ah, se eu fosse modelo! Ia me esquemar pra tocar no Fashion Week.


Toes - Qual a melhor e a pior parte de se ter uma banda?

Multiplex - Todas as partes são as melhores. Tocar ao vivo é bem legal. Fazer videoclipes é a coisa mais próxima do constrangedor, sabe?


Bonus Round - Hot Chip ou Elliot Smith?

Multiplex - Hot Chip, sem dúvida, não conheço bem o trabalho do Elliot Smith, mas me parece levemente miserabilista... Eu já tenho tendências, não posso facilitar. Sempre ouvi muito Scott Walker e Nico, e percebo que isso não me fez uma pessoa mais feliz.

sábado, 19 de setembro de 2009

Head, Shoulders, Knees and Toes # 10 - WE HAVE BAND (English)


The Young And Revolutionary Kevin Bacon



The first time I heard about Six Degrees of Kevin Bacon, I thought it was pure nonsense. But I was able to prove this theory myself last week.

I decided to start writing this blog to promote my friends’ bands, as I noticed the huge amount of excellent independent bands around. In the process, of course, I’d promote my own band.

The day I set the blog up, I had just listened to a Pet Shop Boys cover from a band called We Have Band.



We Also Have Band



As the purpose of the blog was to promote bands, and I, myself, have a band, well it just seemed the most appropriate name for it. Done!

After posting the interviews, I publish the link on both my band's Facebook and Twitter profile.

By chance, a friend from Germany noticed the link for the first time last week, checked the blog out, and sent me the following message:

“Wow :). I didn’t know you had a blog. BTW, a friend of mine from England is in a band with the same name. Check them out: Myspace

Holy Kevin Bacon !!!


Darren Bancroft
got in touch and (while touring Russia) accepted to answer the questions for this interview. As coincidences come in bundles, it’s the 10th band to be interviewed.



Their Make-Up Artist Worked Hard For His Money



Needless to say, I was thrilled with his contact.

We Have Band interviews We Have Band. How cool is that, huh?

Honestly, I think they are one of the most prestigious and promising bands around.

Having released the breakthrough video for their great second single “You Came Out” (“West End Girls” as a b-side) in June, the band is touring Europe right now and getting ready for the release of We Have Band – EP on September 15th in the US.



"You Came Out" - Breakthrough or Not Breakthrough?



Their song "Oh!" is unbelievably infectious. At first, the lyrics seem silly and meaningless. But as the song builds up, you notice how perfectly the lyrics fit into the odd melody. Pure genius.



"Oh!" - We Always Said We Wanted!!!



Their music sounds so simple and basic, but Thomas WP ( Vocals/Guitar/Bass/Programming ), Dede WP ( Vocals/Percussion/Sampler ), and Darren Bancroft ( Vocals/Drums/Percussion/Sampler) know very well what they're doing. And you can't help but notice they have enough music background to do so.

Take their "West End Girls" cover for instance. In my opinion it's one of Pet Shop Boys' most overrated singles and just to make it clear, I'm a huge fan of the band.

Anyway, the approach they took on their cover was both innovative and risky. They didn't change the melody but decided, instead, to add and modify the synth sounds and were able to transform an 80's cheesy song into a modern, fresh synthpop hit.



Darren, Dede and Thomas



Few bands have achieved this. I can only think of Ladytron's version for Human League's "Open Your Heart" as an example. Well done guys!

Well, read their interview, listen to their songs on Myspace and watch the amazing videos. I can only say I'm super proud of having a blog with the same name, and by the way guys, if you ever want the URL, I'd be happy to pass it on.


Ladies and gentlemen, We Have Band:


Head - How would you describe We Have Band’s creative process?

We Have Band - Messy but democratic. We never really have a full idea of a song from the start. Thomas mans the computer and he often begins things with just a beat or a bass or guitar riff and then we just all throw our ideas on, one after the other and build it up like that. We record mostly at home so we're really used to the freedom of being able to pursue every idea we have at any time. The rule is that any idea will get tried out, but if we feel something isn't working we'll scrap it quite quickly. We all tend to have a fairly instinctive feeling of what is and isn't right in a way that we cant really explain. But when a song starts to make us all move physically, or make us get up and dance, we know it's good. We also all write the lyrics and the melodies for ourselves and for each other, so that adds the final layer. That's something that we love, to not have a rigid system where each singer only writes and sings their own stuff, it's much more fluid the way we do it and it's more fun for us and hopefully to listen to. It's organised chaos basically.


Shoulders – What are your favorite artists and how do they influence your music?

We Have Band - We love a lot of different artists. In terms of influence we probably tend to look a little further back. It's nice to listen to new music just for enjoyment. And it's not so healthy to be looking over your shoulder at what your contemporaries are doing and let that affect you and what you're doing. New music is more of an influence from a social side, having the feeling that there are other people working hard and pushing themselves as hard as you are is quite comforting. It's like being at a global music college or something. We love ESG, DFA, Micheal Jackson, Radiohead, Bjork, Elbow, Doves, Kate Bush. There's too many to name really. People that carve out their own unique musical space are the most influence on us. And in that sense it's not a direct influence of wanting to sound like them, it's more like wanting to be as brave as them, or as unique as them and things like that.


Knees – How did you promote the band early on?

We Have Band - Online and playing live was all we did in the early days. And to be honest it's all we do know. We don't have a big marketing machine behind us and at the moment we don't have a label so we just play loads of shows and we chat to people like you online. It's amazing how far you can spread like this. We were in Moscow last week and we played to one of the craziest crowds ever. They were screaming and singing along and crowd surfing and just generally going nuts and you think "how the hell do they know anything about us"? But we've played there once before and we've spoken to a few Russian blogs and websites and then the DJs started playing us in the clubs and that was it, that's how! It's very inspiring. We owe a lot to bloggers, DJs and hardcore music fans seeking out new stuff.


Toes – What’s the best and the worst side of being in a band?

We Have Band - The best is probably being able to travel to so many amazing places. And to meet so many interesting people. Music fans are pretty special people, so every time we go somewhere we get straight to meet the most interesting and dynamic and adventurous people, that's a real pleasure. And you normally have a promoter who is local to the place so you avoid all the tourist traps. The worst is probably the opposite when you have to rush in and out of a place and you see nothing but the airport, the inside of a car, the venue and then the car and the airport again! We're good at making time to go around though, and we often stay in a place a bit longer if we can.


Bonus Round – Hot Chip or Elliot Smith?

We Have Band - Ah, this isn't fair because Elliot didn't get the chance to show us what he could have been. We have love for them both!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Head, Shoulders, Knees and Toes # 10 - WE HAVE BAND (Português)


O Jovem e Revolucionário Kevin Bacon



A primeira vez que eu ouvi falar sobre a Teoria dos Seis Graus de Separação (mais conhecida como Six Steps to Kevin Bacon - aprenda aqui e teste aqui), eu achei que fosse uma grande bobagem.

Bem, não é. Todos nós estamos ligados mesmo e eu tive a chance de provar que ela é verdadeira semana passada.

Explicando do início: decidi começar esse blog pra divulgar bandas de amigos, já que eu tinha percebido que havia um monte de ótimas bandas independentes por aí.
E no processo todo, claro, eu divulgaria minha própria banda também.

No dia que eu abri o blog, eu tinha acabado de ouvir um cover do Pet Shop Boys feito por uma banda chamada We Have Band.



We Have Band Também



Já que a proposta do blog era divulgar bandas e, já que eu faço parte de uma também, achei o nome ideal.

Pior de tudo que o nome está meio errado. Acho que o mais correto seria We Have A Band, mas acho que a tosquice do nome ajuda no espírito DIY. Feito!

Depois que eu posto as entrevistas eu publico o link tanto no perfil do DDR no Facebook e no Twitter.

Por acaso semana passada, uma amiga alemã (You ROCK, Sabine) percebeu esse link pela primeira vez, deu uma olhada no blog e me mandou a seguinte mensagem:

"Wow! Eu nem sabia que você tinha um blog. Falando nisso, eu tenho um amigo que toca numa banda com o mesmo nome. Dá uma olhada neles: Myspace"

Santo Kevin Bacon !!!

O Darren Bancroft entrou em contato comigo e topou responder às perguntas da entrevista abaixo. Como coincidências não acontecem por acaso, eles são a 10a banda a ser entrevista.



O Make-Up Artist Teve Trabalho


Nem precisa falar que eu fiquei feliz pra caramba com isso tudo.

We Have Band entrevista We Have Band. Foda, não?

Honestamente, eu acho eles uma das bandas mais respeitáveis e promissoras por aí.

Lançaram o criativo e inovador (bem, eu achei) vídeo pro ótimo segundo single, chamado "You Came Out" ("West End Girls" é o b-side) em Junho e atualmente estão em turnê pela Europa e se preparando pro lançamento do We Have Band EP nos EUA em 15 de Setembro.


"You Came Out" - Breakthrough or Not Breakthrough?


O primeiro single deles, "Oh!", é grudento e viciante.
Na primeira ouvida, a letra parece boba e sem sentido, mas na medida que a música vai tocando, você percebe a perfeição que a letra se encaixa na melodia "torta". Genial.



"Oh!" - We Always Said We Wanted!!!



A música deles parece tão simples e básica, mas Thomas WP (vocais, guitarra, baixo e programação eletrônica), Dede WP (vocais, percussão, sampler) e Darren Bancroft (vocais, bateria, percussão e sampler), sabem muito bem o que estão fazendo. Dá pra notar de cara que eles têm um background musical pra fazer o som que fazem (#ficaadica @LaRoux).

A cover de "West End Girls" por exemplo.
Na minha opinião, é um dos singles mais fraquinhos do Pet Shop Boys, e só pra deixar claro que eu acho eles foda.
Enfim, o We Have Band decidiu fazer o cover de uma maneira inovadora e ao mesmo tempo, bem arriscada.

Não mudaram nada na melodia, ao invés disso, acrescentaram e modificaram os timbres dos synths e conseguiram transformar uma música brega dos anos 80 numa faixa synthpop que soa atual e moderna.



Darren, Dede e Thomas


Poucas bandas conseguem isso. Agora só lembro do Ladytron com a cover de "Open Your Heart" do Human League como exemplo de cover bem feita e legal. Parabéns!

Bem, leia a entrevista, ouça as músicas no Myspace e veja os vídeos super cool.

Só posso dizer que estou orgulhoso de ter um blog com o mesmo nome da banda e falando nisso, caso eles queiram a URL pra eles, passo na hora.

Traduzi a entrevista da maneira mais direta e informal possível e se alguém quiser dar pitaco e sugestão pra melhorar, é só mandar.

Senhoras e senhores, a primeira entrevista internacional deste blog,We Have Band:


Head - Como é o processo de criação do We Have Band?

We Have Band - Bagunçado porém democrático. Na verdade, a gente nunca tem uma idéia fechada das músicas quando a gente começa. Thomas controla o computador e ele geralmente começa com uma batida, um baixo ou um riff de guitarra e a gente mostra nossas idéias uns pros outros e começamos a construir as músicas assim. Gravamos na maioria das vezes em casa então estamos acostumados a ter a liberdade de executar as idéias quando a gente quer. A regra é que todas as idéias vão ser testadas mas se a gente achar que não está funcionando, descartamos bem rápido. Nós três meio que temos um bom feeling pra saber o que está e o que não está funcionando, meio que sem saber como explicar. Mas quando uma música começa a fazer a gente se mexer de verdade, ou levantar e dançar, a gente sabe que tá boa. Nós escrevemos as letras e e as melodias pra gente mesmo e pra cada membro da banda, então isso acaba sendo a camada final. Isso é algo que a gente adora, não ter um sistema rígido onde cada um de nós só canta o que compôs, flui muito melhor do jeito que a gente faz e é muito mais divertido pra gente e esperamos pra quem ouve também. Basicamente, é o caos organizado.


Shoulder - Quais seus artistas favoritos e como eles influenciam na música de vocês?

We Have Band - Nós gostamos de muitos artistas diferentes. Em termos de influência, a gente tende a ir um pouco pro passado. É legal ouvir músicas novas por prazer. Mas não é muito saudável olhar pros lados pra ver o que as bandas ao seu redor estão fazendo e deixar isso afetar o que você está criando. Música nova é mais uma influência pelo lado social da coisa, saber que existem pessoas que como você, estão se esforçando tanto quanto você, é comfortante. É como fazer parte de uma faculdade de música global ou algo assim. Adoramos ESG, DFA, Michael Jackson, Radiohead, Bjork, Elbow, Doves, Kate Bush. São tantos nomes pra citar. Pessoas que conseguiram criar seu espaço musical diferenciado são os que mais nos influenciam. Na verdade, não é no sentido de querer soar como eles, é mais no sentido de sermos tão corajosos como eles, ou tão singulares como eles e por aí vai.


Knees - Como vocês divulgam o trabalho da banda no início?

We Have Band - Na internet e fazendo shows era tudo o que a gente fazia no começo da banda. E pra ser honesto, é o que a gente faz até agora. Não temos uma grande estrutura de marketing atrás de nós e no momento estamos sem gravadora, então a gente faz um monte de shows e conversamos como pessoas como você (EU!) online. É incrível o quão longe você pode chegar divulgando desse jeito. Estávamos em Moscou essa semana e tocamos pra uma das platéia mais insanas da nossa história. Eles gritavam, cantavam junto, crowd surfing, basicamente indo a loucura e você pensa: "Como é que eles sabem sobre nós?". Mas a gente já tinha tocado lá antes e conversado com alguns blogs e sites russos e os DJs começaram a tocar nossas músicas nos clubes, e foi assim, é assim que funciona. É bastante inspirador. A gente deve muito do que conseguimos pros blogueiros, DJs e pra todos os fãs apaixonados por música que estão sempre procurando coisas novas.


Toes - Qual a melhor e a pior parte de se ter uma banda?

We Have Band - Acho que provavelmente o melhor é ter a chance de viajar pra tantos lugares incríveis. E conhecer tanta gente interessante. Fãs de música são pessoas bastante especiais, então todo lugar que a gente vai, conseguimos de cara conhecer as pessoas mais dinâmicas e aventureiras, isso é um prazer de verdade. E geralmente, tem um promoter que é da cidade e nos não caímos nas armadilhas pra turistas. O pior é provavelmente o contrário, quando você tem que correr de um lugar pro outro e não vê nada além do aeroporto, o carro que você anda, o lugar que você toca e o aeroporto de novo! Apesar que somos bons em arrumar tempo pra dar uma volta e geralmente ficamos nos lugares um pouquinho mais se a gente consegue.


Bonus Round - Hot Chip ou Elliot Smith?

We Have Band - Poxa, isso não é justo porque o Elliot não teve a chance de mostrar tudo o que ele poderia ter se tornado. Temos amor pelos dois!

sábado, 5 de setembro de 2009

Feel Good Band Theory


Música Comprimida


Começando o feriado de sol (acredita que ele aparece!). Me pergunto se existe anti-depressivo musical?

Assim, a perspectiva de três dias de ócio me deixa animado e tenso ao mesmo tempo. Sempre me sinto culpado por não ter descansado o suficiente ou não ter feito tarefas atrasadas.
Mas pelo menos é a chance de acordar na hora que eu quiser e ficar enrolando no quarto (quase sempre na frente do PC) e ouvindo música antes mesmo de pensar em passear o cachorro.

Deveria existir uma compilação pra esse estado de humor. Não existem aquelas "Love Songs" do Polishop/1406, com todas as músicas mais cafonas e clichês do universo? Essa poderia se chamar "Canções Para Gastar Tempo Livre" ou até "Canções Para Sábado De Manhã Sem Trabalho" (sim, eu trabalho aos sábados).

Bandas pra preencher uns dois CDs dessa imaginária coletânea já existem.
Se você subir um pouquinho no cabeçalho do blog e ler a citação, vai ver uma delas: The Wannadies.

Vindos da Suécia, famosos na Inglaterra nos anos 90, quase dominaram o mundo com "You And Me Song", da trilha sonora do "Romeu e Julieta" (aquele com o Leonardo DiCaprio).

Mas a minha Feel Good Song favorita deles é "Someone Somewhere". Dà uma olhada no vídeo aí em baixo:


Feel Good Band #1



Também suecos, o Suburban Kids With Biblical Names (genial, né?) tem no seu primeiro disco, chamado #3, uma coletânea inteira de Feel Good Songs, escolhi "Rent A Wreck" por ser a mais idiotamente animada:



Feel Good Band #2



Pensando bem, daria pra fazer uma coletânea só de bandas suecas mas vamos ampliar a abordagem.

Dos EUA, lembro de primeira do Papas Fritas. E ao ver o vídeo deles um momento de revelação acontece. Existe uma ligação entre todas as Feel Good Bands.

Acho que o conceito de Feel Good Band pode ser explicado assim:

- banda com pessoas de aparência estranha (pra ser bonzinho);
- músicas que lembram canções infantis do prézinho;
- total falta de pretensão e arrogância (faça cara de simpático e não de rockstar);
- depois de somar tudo, crie um nome bobo mas que grude na cabeça;

Pronto! Feel Good Band formada.

Olha os Papas Fritas e veja se não estou certo:



Feel Good Band #3



Americanos também, o Tilly And The Wall é de algum estado bizarro tipo Nebraska, onde só existe plantação de milho. Por isso o conceito "inovador" da banda: misturar sapateado com rock. Juro que adoraria dizer que me enganei, mas é isso mesmo: SAPATEADO COM ROCK.

Pelo menos em "Beat Control", as meninas da banda esqueceram um pouco essa idéia e fizeram uma ótima Feel Good Song, olha aí (a estética do vídeo é confusa, mas se fosse no Brasil, elas seriam de Tocantins ou algo assim, então dá um desconto):



Feel Good Band #4



Essa aqui eu conheci ontem na MTV, chama Hockey. De Portland, Oregon (esse seria mais parecido com Amazonas: o povo caça, tem bastante floresta, etc - os Dandy Warhols são de lá também), os jovens da banda parecem muito animados em terem conhecido Cut Copy semana passada.

O clipe de "Song Away" é cheio de clichês: o nerd que dança de forma bizarra e comete várias gafes, os hypes da galera que acabam imitando a dança dele, a menina nerd que vai fazer par com o rapaz, enfim, a história de qualquer filme adolescente. E falando sério, é BOM. Hahah.

Os teens que querem ser maduros e ouvir música com letras profundas e que levam à reflexão como as do Fresno e NX Zero, deveriam se permitir ser idiotas e gostar do Hockey. Eles seriam muito mais felizes.

Tá curioso? Assiste aí:


Feel Good Band #5


Quer saber? Vou fazer essa coletânea sim.

Na verdade, enquanto escrevia o post acabei fazendo, com capinha e tudo mais.
Dei o nome criativo de Feel Good Bands Vol.1. Só coloquei as cinco músicas que citei aí no post. Mandem sugestões pros próximos volumes.



Baixe Aqui




É isso então, aproveitem o feriado com música animada.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Head, Shoulders, Knees and Toes # 9 - THE JUNKIE DOGS

The Junkie Dogs


Quando o DDR tocou na Casa de Criadores em Maio, nós três ficamos curiosos em saber quem seriam as outras bandas a tocar.

Pra nossa surpresa, das seis selecionadas, no mínimo três (além da gente, claro. haha) eram muito boas. Cada uma com uma proposta de som bem diferente uma da outra.

Foi assim que eu conheci The Junkie Dogs. Quatro rapazes de Belo Horizonte: Rafael Ludicanti (vocais/guitarra), Flávio Seethrough Jones (bateria - eu não entendi a piada com os sobrenomes, alguém pegou?), Marcos Braccini (baixo) e Marcos Sarieddine (teclados) me impressionaram de verdade.

Vou voltar um pouquinho no tempo pra explicar melhor.
Acho que todos nós temos algum disco que sempre nos traz ótimas lembranças, ou mais que isso ainda, são marcos na nossa vida. Um dos mais importantes pra mim é o "Switched On" do Stereolab.


"Switched ME On"



Comprei esse disco por recomendação da Elaine da Bizarre e ficou lá, lacrado no meu quarto por uns dias. Depois de um dia ruim, abri o tal CD e coloquei no discman (precisei colocar o link, caso alguém não lembre o que é).

Ele simplesmente começa com Super-Electric, que até hoje é uma das minhas músicas favoritas. E a sequência é arrebatadora, de tirar o fôlego. Perfeito.

Fui descobrir na minha próxima visita à loja, que esse disco era apenas uma coletânea de singles e não um álbum de verdade. Sou fanático por Stereolab desde então, embora essa última fase bossa-nova gringa não faça muito minha cabeça, eles sempre mantém um nível bom nos discos.

Depois disso fui aprender que eles na verdade adoravam as bandas progressivas alemãs (isso sôa feio pra diabo), ou puramente Krautrock. E bandas como o Neu!, Faust e Can entraram pra coleção também.



"O Post Não Era Sobre Nós?"



Ok, essa foi longa. E o quê os Junkie Dogs têm a ver com isso?

TUDO. Olha essa frase tirada da resposta Shoulder:

"Sempre quisemos que os Dogs soassem como algo entre Portishead, The Kinks, Can, Sonic Youth e Velvet Underground. Tudo acabou ficando diferente, mas ainda gostaríamos de ser o Neubauten."

BINGO! Viu o Can e o Neubaten lá?

Quando se ouve os Junkie Dogs pela primeira vez, você lembra de Interpol. O vocal é parecido, as guitarras são parecidas, a estética da banda (vide foto acima) é parecida.

Não menosprezando o Interpol, banda que eu gosto bastante, mas os Junkie Dogs vão além. Ouça Brain Damage e comprove. Perfeita. Atmosférica, pulsante, sensorial e praticamente palpável.

Li no release oficial deles a seguinte frase:

"As experiências e pesquisas sonoras realizadas pelos Junkie Dogs em suas composições são antes a afirmação de um estilo que se desenvolve por toda a história da contracultura pop, sempre à margem do mainstream. Ou será que não?"


Achei meio arrogante. Mas depois vi, que era isso mesmo. Haha. E PIOR ainda, eu penso sobre o DDR do mesmo jeito. Nós três tentamos fazer música que nos emocione e nos diga alguma coisa. Banda independente no Brasil e que não sôa pop é suicídio. Porém, ao ouvir uma música que você mesmo fez e poderia ter sido feita por qualquer um dos seus ídolos é a melhor realização que se possa ter.


Junkies Porém Limpinhos




Tenhos CERTEZA que os Junkie Dogs sentem o mesmo orgulho. Parabéns rapaziada!

E por favor, alguém pode marcar um show do DDR e dos Dogs em Belo Horizonte pra ontem? Hahah.

Veja a entrevista com a banda e visite o Myspace deles pra conferir as músicas. Aí está, então:


Head - Como é o processo de criação dos Junkie Dogs?
The Junkie Dogs - O Ludicanti faz as músicas durante as madrugadas de insônia alcoólica megalomaníacas dele. Em geral ele chega com os arranjos prontos, ou semiprontos, nos ensaios. Às vezes ele mesmo grava os instrumentos em casa e envia pela net pro resto da turma. Agora, de onde ele tira aqueles absurdos, ninguém faz idéia. Acho que nem ele entende algumas das coisas que fez.
Mas a banda toda contribui, e vários amigos são convidados a contribuir nas composições e nos arranjos. Muitas parcerias acontecem espontaneamente em jam sessions.


Shoulder - Quais seus artistas favoritos e como eles influenciam na música de vocês?
The Junkie Dogs - Estamos ouvindo “She’s Lost Control”, do Joy Division exatamente agora, ao responder essa pergunta. Acho que a atmosfera misteriosa e colapsada da música pode caracterizar bem o que os Junkie Dogs fazem.
Sempre quisemos que os Dogs soassem como algo entre Portishead, The Kinks, Can, Sonic Youth e Velvet Underground. Tudo acabou ficando diferente, mas ainda gostaríamos de ser o Neubauten.
Essas bandas são indomáveis, viscerais, selvagens. Fazem o que querem e como querem.


Knees - Como vocês divulgam o trabalho da banda?
The Junkie Dogs - Diretamente pelos shows, em geral. Mas acho que nosso comportamento obsceno e pouco sutil contribui pra divulgar o que há de melhor na banda.


Toes - Qual a melhor e a pior parte de se ter uma banda?
The Junkie Dogs - O melhor é a diversão. Saber que estamos fazendo o que queremos, e não menos.
O pior é ser pressionado pelo mercado pra sacrificar a beleza pelo dinheiro.

Bonus Round - Hot Chip ou Elliot Smith?
The Junkie Dogs - Hot Chip.